Carolina Coelho, Joana Diogo, Rita Bizarro, Bernardo Ferreira, José Jácome, Ana Gonçalves, Conceição Loureiro
Introdução: Os IBP são fármacos protectores gástricos que tem efeitos adversos e interacções medicamentosas e que são cada vez mais prescritos em Portugal. É essencial avaliar a manutenção desta terapêutica por longos períodos, sobretudo em doentes assintomáticos e que não apresentam uma indicação clara a sua utilização.
As indicações para terapêutica prolongado com IBP, > 8 semanas, são: estadios graves de doença de refluxo gastro-esofágica (DRGE) como esofagite erosiva ou esófago de Barret, síndrome de Zollinger-Ellison, e profilaxia de úlceras duodenais e gástricas associadas aos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) em doentes de risco. Em qualquer uma das restantes indicações o tratamento não deve habitualmente exceder as 8 semanas. A profilaxia com IBP só está indicada nos doentes sob terapêutica com AINEs e que apresentem risco acrescido de hemorragia e nos doentes com factores de risco acrescido para úlceras de stress.
Objectivo: Avaliar a correcta indicação e prescrição de IBP por clínicos de diferentes especialidades.
Material e Métodos: Foi formulado um questionário na plataforma Google Docs, que foi divulgado e preenchido por clínicos de diferentes especialidades. Compreendia 9 questões de escolha múltipla. Os dados foram trabalhados através da plataforma Google Docs.
Resultados: Obtivemos 134 respostas, em 29 especialidades médicas e cirúrgicas, a maioria Medicina Interna (41%) e Medicina Geral e Familiar (26,1%). 86,6%, dos clínicos revêem a terapêutica com IBP em consulta ou internamento.
Relativamente às indicações para prescrição: 81,8% considera-a na terapêutica de erradicação de H. pylori; 62,9% na prescrição em doentes sob terapêutica com corticoides e 47,7 % em doentes com história prévia de gastrite. Salienta-se que 26,9% prescreve IBP com curso curto de AINEs; 42% inicia/mantém a terapêutica em doentes antiagregados e 22,6% em doentes polimedicados em ambulatório com 5 ou mais fármacos.
No que respeita às indicações para uso prolongado de IBP: 94,8% considera a prescrição prolongada em doentes com DRGE sintomática; 87,3% na erradicação de H. pylori; 85,8% no tratamento de úlcera duodenal e de úlcera gástrica; 81,3% no tratamento de esofagite de refluxo; 80,6% na profilaxia de úlceras duodenais e gástricas associadas aos AINEs nos doentes de risco; 78,4% na sindrome de Zollinger-Ellison.
Relativamente à descontinuação da terapêutica , 72,4% afirma suspender os IBP quando considera que esta não tem indicação.
Conclusões: As indicações para a prescrição e manutenção da terapêutica com IBP são claras. Contudo esta classe continua a ser prescrita de forma errática, e nem sempre a revisão terapêutica e a sua suspensão é tida em conta. As consequências têm sido um aumento dos custos, dos efeitos adversos e das interacções medicamentosa, sem qualquer beneficio para o doente.