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HÉRNIA DO HIATO ESOFÁGICO GRAU IV – UM CASO DE ESTÔMAGO INVERSO
Doenças digestivas e pancreáticas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG135 - Resumo ID: 974
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
Ema Neto, Maria Ana Canelas, José Diogo Silva, Beatriz Samões, Tiago Costa, Paula Ferreira
A hérnia do hiato esofágico (HHE) tipo IV, é uma forma severa e rara (< 5%) de apresentação, caracterizada pela protusão da junção gastro-esofágica, estômago (geralmente > 50%) e outros órgãos intra-abdominais através do hiato esofágico.

Mulher, 88 anos, sem medicação ou antecedentes pessoais de relevo, recorre ao serviço de urgência (SU) por toracalgia, dispneia e tosse produtiva não purulenta com 2 dias de evolução. Ao exame objetivo: hemodinamicamente estável, temperatura de 38,7ºC, saturação periférica de 92% em ar ambiente, taquipneia e crepitações na base pulmonar esquerda. Analiticamente: proteína C reativa de 13,4 mg/dL. Na radiografia do tórax identificada volumosa hipotransparência ovalada, com nível hidroaéreo interior, no terço inferior do tórax, correspondendo, em Tomografia Computorizada Torácica (TC-T), a volumosa HHE grau IV, com praticamente todo o estômago e várias ansas intestinais em topografia intratorácica. Pedida observação de Cirurgia Geral, que concluiu não existir evidência de complicações agudas que justificassem intervenção cirúrgica emergente, referenciando o doente para reavaliação em ambulatório com recomendações gerais. Considerando o quadro respiratório, assumida traqueobronquite aguda, sendo a doente medicada com Amoxicilina-Ácido Clavulânico durante 7 dias.

A HPE tipo IV é um achado incomum, raramente considerado no SU, e que pode associar-se a complicações potencialmente fatais como encarceramento, perfuração de víscera oca ou hemorragia severa. Existe pouca bibliografia relacionada com o curso natural da HPE não reparada, no entanto estima-se um risco de 14%/ano dos doentes se tornarem sintomáticos e < 2%/ano de necessitarem de cirurgia emergente. Preconiza-se correção cirúrgica eletiva em doentes estáveis sem evidência de complicações agudas.

A imagem apresentada, obtida TC-T, representa um achado acidental raro de HPE grau IV, não complicada e estável, submetida a tratamento conservador.