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AUTOIMUNE AOS 90 ANOS? O RARO TAMBÉM ACONTECE.
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P087 - Resumo ID: 95
Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca
Inês Bargiela, Maria João Gomes, Sara Vilas-Bôas, Tiago Tomás, Ana Sofia Ventura
As doenças autoimunes, nomeadamente as doenças inflamatórias intestinais, têm uma distribuição etária bimodal, entre os 15 e os 30 anos e os 60 e 80 anos. Não obstante, o raro não é impossível e o caso que apresentamos representa uma excepção à regra.
Trata-se de uma doente de 90 anos, com história pessoal de cardiopatia isquémica, hipertensão arterial e doença diverticular do cólon, que recorreu ao serviço de urgência por quadro clínico com 20 dias de evolução de dor abdominal e diarreia aquosa, sem resposta a ciprofloxacina e probióticos. Objectivamente apresentava-se febril, desidratada, com distensão abdominal; analiticamente: aumento dos parâmetros de fase aguda inflamatória e hipocaliémia. Ficou internada e iniciou metronidazol após colheita de coproculturas, exame parasitológico das fezes e pesquisa de Clostridium difficile, cujos resultados foram negativos. Cumpriu cinco dias de antibioterapia sem melhoria e com desenvolvimento de lesão renal aguda e hipoalbuminémia grave, pelo que se optou por curso de albumina e furosemida, sem melhoria. Realizou TC abdomino-pélvica: espessamento parietal circunferencial cólico esquerdo e distensão cólica. Optou-se pela realização de colonoscopia: cólon esquerdo com aspectos de colite a esclarecer. Resultado anatomo-patológico macroscópico: mucosa em “pedra de calçada”; microscópico: erosão da mucosa com úlceras lineares, infiltrado inflamatório crónico com plasmocitose basal e lesões de criptite e abcessos de cripta, características definidoras de doença inflamatória intestinal. Foi positiva a pesquisa imunohistoquímica de Citomegalovírus. Considerou-se o diagnóstico de colite a Citomegalovírus, sobreposto a doença inflamatória intestinal, situação clínica raramente descrita na literatura. Como complicação da colonoscopia ocorreu perfuração intestinal, tendo a doente falecido antes de iniciar terapêutica dirigida.
Este caso clínico relembra-nos que todas as hipóteses diagnósticas devem ser consideradas desde o início, independentemente do seu grau de probabilidade.