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PRESCRIÇÃO DE INIBIDORES DE BOMBA DE PROTÕES (IBP) NUMA ENFERMARIA DE MEDICINA INTERNA.
Doenças digestivas e pancreáticas - Comunicação
Congresso ID: CO112 - Resumo ID: 980
Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
Joana Diogo, Carolina Coelho, Rita Bizarro, Bernardo Ferreira, José Jácome, Ana Gonçalves, Conceição Loureiro
Introdução: Os IBP são fármacos que actuam essencialmente como supressores da acidez gástrica. Devem ser usados na dose mínima efectiva, durante o menor tempo possível e reavaliada periodicamente a sua necessidade. A profilaxia com IBP está recomendada nos doentes em tratamento com anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) e que apresentam elevado risco hemorrágico e nos doentes que apresentam factores de risco acrescido para úlcera de stress.
A utilização de IBP tem aumentado ao longo dos anos em Portugal, o que representa um aumento não só dos custos, mas também dos efeitos adversos e das interacções medicamentosas.

Objectivo: Avaliação da adequação da prescrição de IBP numa enfermaria de Medicina Interna.

Material e Métodos: Foram seleccionados os doentes internados numa enfermaria de Medicina durante o último trimestre de 2018. Foram excluídos os óbitos e os doentes transferidos para outros Serviços. Do processo clínico do doente recolheram-se os seguintes dados: género, idade, terapêutica à admissão na enfermaria e à data da alta, patologias que sustentem a prescrição de IBP e IBP prescrito nos casos aplicáveis. Os dados foram posteriormente tratados estatisticamente através do recurso ao Microsoft Excel®.

Resultados: Neste estudo foram incluídos 277 doentes, sendo a maioria do género masculino (62 %) com uma idade média de 74 anos em ambos os géneros. Do total dos doentes em estudo, 30,7 % (110 doentes) encontravam-se medicados com um IBP à data de admissão, sendo que destes, apenas 23.6 % (aproximadamente 9 % do total de doentes) teriam indicação para a manutenção do IBP. À data da alta clínica houve um acréscimo de doentes medicados com IBP para 52,3 %. A terapêutica com IBP foi iniciada em 41 doentes, mas apenas 4 (9,7 %) teriam indicação para a sua prescrição. É também importante salientar que a terapêutica com IBP em doentes sem indicação apenas foi suspensa em 6 dos doentes à data da alta (5,45 %). O IBP mais frequentemente prescrito à admissão foi o omeprazol e à data da alta o pantoprazol.

Conclusões: O aumento da prescrição de IBP na prática clínica diária é evidente. Este trabalho permite-nos concluir que a maioria dos doentes a cumprir terapêutica com IBP à entrada na enfermaria não teria indicação formal para a sua manutenção. Por outro lado, à data da alta, na maioria dos casos não houve ajuste da terapêutica com IBP, nos doentes sem indicação para a sua manutenção.
É importante salientar que, a continuidade e o inicio da terapêutica com IBP tem de ser reavaliada individualmente tendo em conta os riscos e os benefícios que ela possa acarretar. A terapêutica com IBP deve ser temporária, devendo apenas ser prolongada no tempo em casos específicos.