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DOENÇA CELÍACA NO IDOSO: QUANDO A SEROLOGIA NÃO CONTA A HISTÓRIA COMPLETA
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P217 - Resumo ID: 987
Hospital Curry Cabral - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
Sara Fernandes, Catarina Morais, Inês Manique, Raquel Pinto, João Lopes, Matilde Fraga, Mariana Martins, Claudina Cruz, Jorge Fernandes, André Goulart, Mário Ferraz, Mariana Popovici, Paolo Iacomini, Eunice Patarata, Ana Rodrigues, Claudia Mihon, Catarina Pereira, António Panarra.
Introdução: A doença celíaca caracteriza-se por uma enteropatia causada por uma resposta imunológica inapropriada ao glúten, sendo considerada, durante muito tempo, uma doença da infância e do adulto jovem. A sua incidência tem aumentado no idoso (cerca de 19-34% dos novos casos diagnosticados ocorrem em indivíduos com mais de 60 anos), o que pode ser explicado pela melhor acuidade no reconhecimento da doença.
Caso clínico: Mulher, 78 anos, com história pessoal de diabetes tipo 2 sem complicações, hipertensão arterial essencial e hipotiroidismo medicado. Quadro com 3 meses de evolução de diarreia (sem sangue, muco ou pus), sem outros sintomas gastrointestinais, associado a perda ponderal não quantificada, astenia e alterações da memória. Objetivamente sem alterações a destacar. Analiticamente com anemia macrocítica (Hb 8.1 g/dL), reticulócitos 2.23%, bilirrubina total 1.3 mg/dL, haptoglobina baixa (0.07) e vitamina B12<125 pg/mL. Durante o internamento, realizou reposição de vitamina B12, com rápida resposta hematológica com subida de hemoglobina, resposta leucocitária adequada e normalização dos parâmetros de hemólise. Apesar de auto-imunidade negativa, colocou-se hipótese de doença celíaca, pelo que realizou endoscopia digestiva alta, sendo que a biópsia duodenal revelou linfocitose intraepitelial sugestiva de doença celíaca (Marsh 1). Iniciou dieta sem glúten com resolução da diarreia, normalização de vitamina B12 sem necessidade de terapêutica de reposição e recuperação do estado geral.
Conclusão: A propósito deste caso, os autores alertam para importância da biópsia intestinal nos doentes com elevado grau de suspeição de doença celíaca, apesar de serologias negativas, uma vez que, segundo estudos recentes, a presença de elevados títulos de anticorpos ocorre em menos de metade dos casos na população adulta. O reconhecimento desta entidade tem importância, não só na resolução de sintomatologia, como também na correção dos défices nutricionais.