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LINFOMA DE HODGKIN E COLONIZAÇÃO POR RHIZOMUCOR, COMO VALORIZAR?
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P722 - Resumo ID: 991
ULSM - Hospital Pedro Hispano
Teresa Medeiros, Sara Pereira, Sara Ramos, Mariana Taveira, Francisca Pinto Beires, Eduardo Eiras, Artur Oliveira Silva, Carlos Sottomayor, Inês Chora
Introdução: O linfoma de Hodgkin tem uma distribuição bimodal, acometendo jovens e indivíduos com mais de 55 anos, afetando mais o sexo masculino. Infeções por Rhizomucor podem ser rapidamente progressivas e fatais tanto em imunodeprimidos como imunocompetentes dada a sua natureza angioinvasiva. Afetam normalmente pele, nariz e seios perinasais, pulmão e cérebro. Ao contrário de outros fungos filamentosos são especialmente oportunistas em doentes oncológicos sendo os neutropénicos mais propensos a desenvolver doença disseminada.

Descrição
Caso clínico: Homem, 61 anos, caucasiano. Ex-fumador (12 UMA), com antecedentes de HTA com cardiopatia hipertensiva e DPOC GOLD A. Avaliado em consulta de Medicina Interna por perda ponderal (26% do peso em 1 ano) com anorexia e suores noturnos. Do estudo realizado apresentava linfopenia (Linfócitos 900/µL) com CD4+, CD8+ e células B baixas, B2-microglobulina aumentada, imunoeletroforese de sangue periférico sem evidência de monoclonalidade e serologia VIH negativa. A TAC torácica mostrava uma adenopatia subcarinal com 3 cm, sem outras adenopatias ou alterações no parênquima pulmonar. Realizou biópsia, para caracterização do gânglio subcarinal, com lavado bronco-alveolar, que excluiu tuberculose, linfoma e sarcoidose, mas no qual se isolou Rhyzomucor spp. Neste sentido, efetuou TAC dos seios perinasais que mostrava pólipos mas excluíram mucormicose após biópsia dos mesmos. Após este estudo o doente abandonou seguimento, não tendo comparecido à consulta ou exames agendados.
Após um ano, foi admitido por dor inguinal bilateral, febre vespertina, suores noturnos e manutenção do quadro consumptivo. Ao exame físico, apresentava adenopatia supraclavicular direita, não dolorosa, pouco móvel e não aderente aos tecidos. No estudo analítico apresentava anemia ferropénica, LDH e PCR aumentadas e VS muito aumentada (130 mm/1ªh). Repetiu TAC toraco-abdomino-pélvica, que revelou adenopatias generalizadas, supra e infra-diafragmáticas, com hepatoesplenomegalia. Realizou exérese do gânglio supraclavicular direito, cuja histologia revelou um Linfoma de Hodgkin (CD30+, CD15+), subtipo predomínio linfocítico, em estadio 3. Iniciou terapêutica com Rituximab + ABVD (doxorubicina, bleomicina, vinblastina e decarbazina) e suplementação da dieta com ferro oral, com resolução dos sintomas e da anemia.

Discussão: Apresenta-se um caso de Linfoma de Hodgkin com sintomas B, de variante predomínio linfocítico (descrita em apenas 5% dos casos), cujo diagnóstico foi atrasado pela fraca adesão do doente aos cuidados de saúde. Evidencia-se uma colonização por Rhyzomucor spp, prévia ao diagnóstico da neoplasia, sem evidência de doença ativa até à data e com significado incerto, pois não existem relatos de casos de colonização, sendo a doença invasiva uma apresentação comum. Dado se tratar de um doente oncológico, carece de vigilância clínica pois está colonizado por um agente rapidamente invasivo e potencialmente fatal.