23

24

25

26
 
RECORRÊNCIA DE HEPATITE AUTOIMUNE APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Comunicação
Congresso ID: CO003 - Resumo ID: 995
Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
Luís Teles, Celina Gonçalves, Sofia Ferreira, Judite Gandara, Ramon Vizcaíno, Jorge Daniel, Helena Pessegueiro Miranda
A Hepatite autoimune (HAI) tende a recorrer em cerca de 20-30% dos doentes transplantados.
O objetivo do nosso estudo era determinar a incidência de recorrência de hepatite autoimune após transplante hepático e fatores de risco associados, nomeadamente perceber se existia alguma diferença entre a imunossupressao realizada.
Métodos: Análise retrospectiva de todos os doentes com hepatite autoimune que foram submetidos a transplante hepático (TH) devido a doença hepática crónica terminal ou insuficiência hepática fulminante/subfulminante desde janeiro de 1996 a outubro de 2017.
Resultados: foram incluídos um total de 33 doentes com o diagnóstico de hepatite autoimune que foram transplantados; Em 44,8% a indicação foi insuficiência hepática aguda por hepatite autoimune. 81,8% (n=27) dos doentes eram do sexo feminino, com uma idade média à data do transplante de 43 anos (±13). Quase 27% dos doentes faleceu de complicação imediata após o transplante.
A recorrência de hepatite autoimune verificou-se em um terço dos doentes, sendo o diagnostico feito em média após 36 meses do transplante (min 6; max 64). Doentes com recorrência apresentavam valores de IgG e MELD, previamente ao transplante, mais elevados, no entanto sem significância estatística (p>0,05). Não se verificou associação com outros fatores como idade ao diagnóstico de HAI, idade ao transplante, indicação para TH (descompensação crónica, insuficiência hepática aguda), tipo de descompensação antes do transplante (ascite, encefalopatia e hemorragia por varizes), presença concomitante de outras doenças autoimunes ou síndrome de overlap (p>0,05). Após o TH, doentes que iniciaram logo imunossupressão tripla que incluiu micofenolato de mofetil (MMF) tiveram menos probabilidade de recorrência de HAI (OR: 0,054; 95%CI [0,04-0,667]; p=0.021). Nenhum dos casos de recorrência esteve associado a perda do órgão transplantado.
Conclusão: na nossa amostra, um terço dos doenças recidiva HAI. A recorrência ocorreu cerca de três anos após o TH, mas não esteve associada a pior prognóstico. O inicio de imunossupressão com MMF foi o único fator associado a menos probabilidade de recidiva de HAI.