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QUANDO OS FATORES DE RISCO SE CONJUGAM PARA UM MAU DESFECHO NA GRAVIDEZ
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P274 - Resumo ID: 1003
Centro Hospitalar de Lisboa Central, Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Departamento de Medicina Obstétrica
Ana L. Santos, Inês Felizardo, Marta Brito, Filipa Lourenço, Augusta Borges, Maria José Alves
Introdução: As doenças hipertensivas da gravidez constituem uma das causas mais importantes de mortalidade materna e perinatal em todo o mundo. Estima-se que a prevalência da pré-eclâmpsia (PE), a nível global, seja de 2 a 8% de todas as gravidezes. Uma grande variedade de fatores de risco claramente identificados está associada a aumento do risco de PE, de que se destacam: gestação múltipla, nuliparidade, idade >35 anos, técnicas de reprodução assistida, hipertensão crónica ou gestacional e IMC pré-gravidez >30, entre outros.
Caso clínico: Mulher de 43 anos, leucodérmica, professora, com gravidez gemelar bicoriónica e biamniótica resultante de técnica de procriação medicamente assistida (PMA-FIV) com doação de ovócitos. Apresentava história de obesidade (IMC 45) e hipertensão crónica mal controlada. Medicada com alfa-metildopa, nifedipina, AAS 150mg e mutivitamínico. Às 27 semanas de gestação recorreu ao serviço de urgência (SU) por cefaleia intensa, sem escotomas, epigastralgia ou vómitos. À admissão encontrava-se com valores de pressão arterial a variar entre 180/99mmHg e 144/89mmHg. A ecografia obstétrica mostrava fetos com boa vitalidade e liquido amniótico normal. Foi internada, cumpriu protocolo para maturação pulmonar fetal (dexametasona), neuroprotecção fetal e prevenção de convulsões (sulfato de magnésio) e controlo tensional (labetalol em perfusão). A evolução clínica foi desfavorável, com difícil controlo tensional, tendo-se verificado desaceleração do crescimento dos fetos com restrição do crescimento fetal mais grave no segundo feto (feto 1 P25 e feto 2 P2). Ratio sFlt-1/PlGF 356pg/mL, a favor de pré-eclâmpsia. Às 31 semanas de gestação, por sofrimento fetal agudo e agravamento materno com quadro de anasarca, oligúria e agravamento da função renal, foi necessário interromper a gravidez com realização de cesariana; nascimento de recém-nascido do sexo masculino com 1410g e do sexo feminino com 960g com necessidade de ventilação mecânica invasiva de um dos fetos. Após o parto a evolução foi favorável com adequado controlo tensional, sob perfusão de labetalol. Teve alta medicada com enalapril 20mg e furosemida 40mg durante 5 dias. Perfil tensional controlado em consulta de follow-up.
Conclusão: Este caso teve um final feliz apesar da gravidade e precocidade da PE, não tendo ocorrido complicações de maior relevância, nomeadamente edema agudo do pulmão, hemorragia subaracnoideia ou enfarte hepático. A cefaleia constituiu-se como sintoma dominante a qual não pode ser desvalorizada por poder preceder lesões cerebrais graves. Os médicos internistas devem estabelecer a ponte com a Obstetrícia no tratamento destas situações potencialmente fatais. O SU geral é, muitas vezes, o ponto de chegada desta mulheres.