Ricardo Fernandes, Margarida Cruz, Vera Moreira, Miguel Moreira, Mari Mesquita
INTRODUÇÃO
Um estoma resulta da abertura de um órgão oco (referente aos tractos gastrointestinal, genitoruinário, respiratório) à pele, com intuito de resolução de doença ou alívio de sintomas. É hiperfuncionante quando produz mais que 2000 ml/dia durante 3 ou mais dias ou se inferior a 2000 ml, se na existência de alterações hidroelectrolíticas. Resulta da redução da absorção intestinal, com múltiplas etiologias.
MÉTODOS
Revisão de 3 casos clínicos do internamento de Medicina Interna.
RESULTADOS
São apresentados 3 doentes, 2 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 54 e os 74 anos. Em 1 doente foi colocada colostomia por neoplasia maligna do cólon, em 1 ileostomia por colite rádica secundária a radioterapia por neoplasia do útero e 1 ileostomia em doente com neoplasia intestinal. Todos admitidos ao internamento com lesão renal aguda [LRA] AKIN 3, com creatinina média de 9,03±3,06 mg/dL e ureia 166±78,6 mg/dL. Identificado como precipitante desidratação (n=3) e infecção urinária (n=2). Desnutrição calórica proteica, anemia e alterações hidroelectrolíticas (hiponatrémia, hipocalémia e hipomagnesémia) em todos. Iniciada terapêutica de substituição de urgência em 1 delas. Iniciadas medidas obstipantes (com recurso a loperamida, inibidores da bomba de protões, opióides e ajuste na dieta através da avaliação da Nutrição Clínica), hidratação endovenosa com cloreto de sódio 0,9% e excluída infecção do tracto gastrointestinal por Clostridium difficille. Em 2 foi isolada Klebsiella produtora de carbapenemases (KPC). Ainda com estas medidas o número de internamentos médio por LRA nestes doentes foi de 2,6, com um máximo de 5. A data de alta com creatinina sérica de 1,97±2,2mg/dL. Em dois doentes foi feita reconstrução do trânsito sem novas intercorrências, em 2 deles decorre quimioterapia com carácter paliativo.
CONCLUSÕES
A abordagem dos doentes com estoma requer uma avaliação multidisciplinar, quer em regime de internamento, em ambulatório, reduzindo o desconforto ao doente, assim como redução do número de (re)admissões e necessidade de técnica de suporte da função renal. É essencial que os internistas tenham noções básicas sobre a gestão de estomas, hiperfuncionantes ou não, assim como da gestão das suas complicações. Na literatura actual sem trabalhos dedicados a esta temática.