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ECOGRAFIA À CABECEIRA DO DOENTE NA SALA DE EMERGÊNCIA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLINICO
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P853 - Resumo ID: 1019
Unidade Local de Saúde do Alto Minho - Viana do Castelo
Miguel Romano, Francisco Silva Teixeira, Francisca Silva Cardoso, João Pedro Pais, Ana Sofia Matos, Fernando Correia, Bárbara Azevedo Sousa, Daniela Alves, Manuel Ferreira, Diana Guerra
INTRODUÇÃO: A abordagem do doente crítico na sala de emergência (SE) constitui um desafio para o médico que o avalia. Qualquer informação adicional assume uma preponderância especial neste cenário, tornando fundamental o conhecimento e o conforto no uso das técnicas diagnósticos disponíveis.
CASO CLÍNICO: Homem de 64 anos, sem antecedentes de relevo, com início de dor intensa na anca e membro inferior em repouso. Durante o transporte para o serviço de urgência (SU), por meios próprios, início súbito de quadro de palidez cutânea, hipersudorese com episódio de perda de consciência com incontinência de esfíncter urinário sendo ativada equipa de emergência pré-hospitalar. À chegada, a VMER encontra-o doente prostrado, suado e hipotenso; levantada hipótese de crise convulsiva. À admissão no SU, apresentava-se vigil, orientado e colaborante com queixas álgicas na região lombar esquerda, discurso lentificado, hipotensão marcada e hipotermia; sem outras alterações ao exame objetivo. Admitido na SE, constatada acidemia metabólica com hiperlacticidemia e anemia de 10.2g/dL. Atendendo ao progressivo declínio do quadro clínico, realizou-se ecografia à cabeceira do doente. Através das imagens obtidas, foi possível identificar um aneurisma da aorta abdominal com cerca de 10cm de diâmetro. Procedeu-se a sedoanalgesia, entubação orotraqueal e instituição de suporte aminérgico, seguindo para Angio-TC abdominal que confirmou um aneurisma volumoso da aorta abdominal com provável rotura ao nível da vertente anterior e distal deste aneurisma acompanhado de hematoma volumoso no retroperitoneu. Contactada Cirurgia Vascular de um hospital terciário, tendo sido aceite transferência do doente. Contudo, apresentou evolução clínica desfavorável , tendo-se verificado o óbito ainda no SU.
DISCUSSÃO: Qualquer abordagem a um doente crítico exige grande capacidade de integração de conceitos e de raciocínio clínico. Em contexto de emergência, surge ainda a necessidade de rapidez de atuação ao mesmo tempo que se realizam meios complementares para chegar ao diagnóstico de forma rápida permitindo uma atuação mais eficaz na busca dos melhores resultados. A Ecografia à Cabeceira do Doente através do protocolo de Ultrassonografia na Emergência Médica (USEM) permite a avaliação completa de um doente crítico através de 10 janelas ecográficas em cerca de 2-3 minutos. Por ser um exame rápido e acessível, surge como uma ferramenta fundamental nesta abordagem ao permitir de forma não invasiva e inócua a obtenção de informação in vivo de qualidade, capaz de orientar o médico nas suas decisões. Com uma curva de aprendizagem rápida e uma acessibilidade crescente nos hospitais portugueses, a ecografia revela-se como um fiel aliado ao exame físico na linha da frente de abordagem de patologia aguda.