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SÍNDROME DE LISE TUMORAL – UMA SÉRIE DE CASOS
Doenças oncológicas - Comunicação
Congresso ID: CO051 - Resumo ID: 1022
Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca
Sara Magno, Helga Mamede, Liliana Fernandes, João Machado
Introdução: O Síndrome de Lise Tumoral (SLT) é uma das emergências oncometabólicas mais frequentes e mais ameaçadoras da vida, e é mais frequentemente associada a neoplasias hematológicas de alto grau sob tratamento activo. Resulta da destruição celular maciça sendo caracterizado por distúrbios iónicos e disfunção renal aguda associada [1] [2] [3].
Objectivos: Caracterização demográfica e clínica dos doentes (dts) internados num hospital polivalente, com o diagnóstico de SLT.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo através da consulta de processos clínicos de dts internados nos serviços de Medicina Interna, Oncologia e serviço de urgência com o diagnóstico de saída de SLT entre 2012 e 2018. Análise de dados e tratamento estatístico em Excel2013 e SPSS 24.
Resultados: Dos 11 dts analisados, 55% (n=6) eram do sexo masculino, com uma média de idades de 65 anos (DP 5 anos, mínimo 91, máximo 43). O tempo mediano de internamento foi de 10 dias (IIQ 24 dias, mínimo 0 dias, máximo 50 dias). A maioria dos dts (55%, n=6) tinha uma neoplasia hematológica, 27% (n=3) uma neoplasia sólida e 18% (n=2) ambas. Apenas 27% (n=3) dos dts se encontravam sob terapêutica anti-neoplásica, 18% (n=2) tinha doença renal crónica (DRC) e outros 18% (n=2) tinha toma prolongada de nefrotóxicos. 36% dos dts (n=4) realizou profilaxia. À entrada, os valores séricos médios eram de: potássio 5,0mg/dl (DP 0,3mg/dl), fosfato 5,4mg/dl (DP 0,3mg/dl), cálcio total 9,3mg/dl (DP 0,7mg/dl), creatinina 3,2mg/dl (DP 0,5mg/dl); ácido úrico com mediana de 16,1mg/dl (IIQ 10mg/dl). A forma de apresentação mais comum foi astenia (72%, n=8), seguida de alterações do ritmo cardíaco e queixas gastro-intestinais (cada 18%, n=2) e morte súbita (9%, n=1). Nenhum doente apresentou sintomas neuromusculares. Assim, 91% (n=10) dos dts apresentaram SLT clínico com uma mediana de gravidade de 3 na escala de Cairo-Bishop (IIQ 2). Como terapêutica, 91% (n=10) dos dts recebeu fluidoterapia; realizaram em igual número alopurinol e rasburicase (45%, n=5), um doente (9%) não recebeu qualquer hipouricemiante; 18% (n=2) recebeu medidas de alcalinização urinária. A maioria (91%, n=10) não realizou hemodiálise (HD). Nenhum doente foi internado em UCI. O outcome foi morte em 36% (n=4) dos dts. Dos doentes falecidos, todos tinham neoplasia hematológica (n=4) e nenhum tinha DRC nem realizou HD. Não houve correlação entre o tipo de neoplasia e o síndrome clínico ou laboratorial (p=0,438).
Conclusões: Neste estudo, predominaram as neoplasias hematológicas, que estiveram presentes em todos os óbitos. Em 73% dos dts o SLT ocorreu espontaneamente. Só 36% dos dts realizaram profilaxia. Esta série, apesar do número reduzido de casos, ilustra uma percentagem significativa de SLT que ocorreram de forma espontânea. Assim, salienta-se a importância de estratificar atempadamente o risco de desenvolvimento de SLT, de forma a instituir profilaxia e tratamento atempadamente.