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DIVERTÍCULO DO ESÓFAGO MÉDIO: INCIDENTALOMA OU NÃO?
Doenças digestivas e pancreáticas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG144 - Resumo ID: 1035
Hospital Pedro Hispano
Ana Catarina Trigo, Denise Magalhães, Rute Fernandes, Ana Costa, Fernando Ferreira, Jorge Machado, Carla Cardoso
Mulher de 81 anos, antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, dislipidemia, obesidade, bronquite crónica, ausência de várias peças dentárias há vários anos e noção de engasgamento recorrente. Internada por pneumonia com envolvimento bilateral multifocal evidenciada em radiografia, com maior consolidação à direita e ligeiro derrame pleural direito, sem isolamento de agente infecioso. Foi realizada tomografia computorizada (TC) torácica sem contraste tendo-se observado uma estrutura paraesofágica direita a merecer melhor caracterização. Após a alta foi revista em consulta tendo sido documentado divertículo do esófago médio por TC contrastada (Imagem 1), exame radiográfico baritado (Imagem 2) e endoscopia (Imagem 3).
Os divertículos esofágicos são entidades raras cuja prevalência real não é conhecida, estimando-se em até 3% em séries de estudos endoscópicos e radiológicos. Podem ser classificados anatomicamente em divertículos do esófago superior (com os divertículos de Zencker correspondendo a 70% do total), médio e inferior, sendo estes dois últimos muito menos comuns. Geralmente são assintomáticos, mas podem estar associados a halitose, rouquidão, disfagia, tosse, engasgamento e pneumopatias, como pneumonias de aspiração. Os divertículos do esófago médio são geralmente devidos a distúrbios de motilidade, que devem ser investigados, mas também podem ser divertículos de tração. Existe indicação cirúrgica nas complicações como infeção, perfuração e/ou transformação neoplásica.
Sendo que a doente referia engasgamento e as pneumonias de aspiração são mais frequentes à direita, os autores acreditam que a mesma possa estar relacionada com o divertículo. A doente foi referenciada às consultas de Gastroenterologia e Cirurgia Geral, confirmando-se a indicação cirúrgica. Os autores apresentam assim uma entidade rara e alertam para a importância da anamnese na marcha diagnóstica, bem como do follow-up após o internamento.