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TEV PROVOCADO (OU ALGO MAIS ?)
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P016 - Resumo ID: 1037
Centro Hospitalar do Oeste - Hospital de Caldas da Rainha
Vânia Junqueira, Joana Sequeira, Francisco San Martin, Rosa Amorim
INTRODUÇÃO:
A trombose venosa profunda (TVP) dos membros inferiores (MIs) e o tromboembolismo pulmonar (TEP) são as formas mais comuns de tromboembolismo venoso (TEV). São vários os factores de risco, hereditários ou adquiridos, que podem coexistir num doente.

CASO CLÍNICO:
Apresenta-se o caso clínico de um homem de 28 anos que é trazido ao Serviço de Urgência por episódio sincopal precedido de dispneia e toracalgia de início súbito e em repouso. De relevo, tabagismo activo e cirurgia a quisto dermóide 2 meses antes, a partir da qual refere períodos prolongados de imobilização e aparecimento de edema no MI direito. À admissão apresentava-se polipneico e taquicárdico, com empastamento no MI direito, sem outras alterações. Analiticamente a salientar D-dímeros e Troponina I aumentados; leucocitose e discreto aumento da lactato desidrogenase. Na gasimetria com hipoxemia e hipocapnia. Realizado electrocardiograma, em ritmo sinual, frequência cardíaca de 120 bpm e um padrão S1Q3T3. A radiografia de tórax não mostrou alterações e a angio-TC de tórax identificou um TEP extenso envolvendo todos os ramos da artéria pulmonar. Dada a estabilidade hemodinâmica não fez fibrinólise e iniciou enoxaparina (1mg/kg, de 12/12h). O ecocardiograma (ETT) realizado à cabeceira demonstrou dilatação das cavidades direitas sem outras alterações. Verificou-se uma evolução favorável, sem intercorrências. Realizou ecodoppler dos MIs que confirmou TVP femuro-popliteia à direita. Repetiu ETT aos 5 dias com reversão das alterações inicialmente descritas. Teve alta medicado com rivaroxabano.
Aos 4 meses do evento trombótico realizou estudo de trombofilias, identificando-se anticoagulante lúpico moderadamente positivo (1,81), com título semelhante às 12 semanas. O restante estudo foi negativo.
Apesar da realização do estudo auto-imune sob anticoagulação, admitiu-se síndrome do anticorpo antifosfolipídico (SAAF), tendo-se feito switch para varfarina, que o doente mantem até à data (3 anos de follow-up). Durante este período, não se verificou recorrência de eventos trombóticos nem o surgimento de sinais ou sintomas de novo, que pudessem ser atribuídos a outra patologia autoimune.

O SAAF, mais prevalente no sexo feminino, é a trombofilia adquirida mais frequente. Caracteriza-se por eventos trombóticos recorrentes e mortalidade obstétrica em presença de anticorpos antifosfolipídicos. Pode ser primário ou associado a outras patologias, nomeadamente de etiologia autoimune, determinando a necessidade de um seguimento regular. É elevado o risco de recorrência dos eventos trombóticos, estando recomendada a profilaxia de forma indefinida.
A imobilização prolongada é um factor de risco independente para TEV, no entanto, poderá comportar-se como facilitador num doente com predisposição para tal. Torna-se assim, extremamente importante, a exclusão de outras causas, nomeadamente em doentes jovens, dado que da etiologia dependerá o tipo e duração do tratamento.