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PROFILAXIAS NO DOENTE INTERNADO: CASUÍSTICA DE PROFILAXIA PRIMÁRIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO NOS SERVIÇOS DE MEDICINA INTERNA NUM HOSPITAL DISTRITAL
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO218 - Resumo ID: 1044
Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca
Marta Fonseca, Mário Ferreira, Zélia Neves, João Machado
Introdução: A introdução de fármacos destinados a profilaxias no internamento é uma prática comum, entre elas a do tromboembolismo venoso (TEV). Não existem atualmente normas bem definidas quanto a essa prática, mas estudos demonstram que o seu uso tem benefício na mortalidade de doentes cirúrgicos, sem resultados tão consistentes em doentes médicos. O risco de TEV deve ser avaliado consoante as escalas disponíveis, destacando também a avaliação do risco hemorrágico, fatores a ter em conta na tomada de decisão para iniciar a anticoagulação profilática, sobretudo numa população fragilizada como é característico da Medicina Interna. Tendo em conta as mais recentes publicações, assiste-se muitas vezes à utilização de profilaxia em situações sem indicação, com os riscos inerentes.

Objetivos: Os autores apresentam o estudo retrospetivo da utilização de profilaxias de tromboembolismo venoso e respetiva indicação clínica em doentes internados em 4 serviços de Medicina Interna dum hospital distrital.

Material e Métodos: Efetuou-se o estudo retrospetivo dos processos clínicos de todos os doentes internados num determinado dia em 4 serviços de Medicina Interna até à data da alta.
As variáveis analisadas para o risco de embolia e hemorragia basearam-se nos scores de risco preditivo de Padua e IMPROVE bleeding risk, respetivamente.

Resultados: Foram analisados um total de 174 doentes, com média de idades 72,6 anos, sem predomínio de sexo. Foram excluídos 54 doentes por terem indicação para anticoagulação em dose terapêutica. Dos restantes 120, foi introduzida anticoagulação profilática em 86 doentes (72%), 36% dos quais não tinham indicação clínica ou por baixo risco de TEV (score de PADUA <4, 58%) ou por risco hemorrágico alto (1 fator de risco major ou pelo menos 2 minor, 42%), apesar do score de Padua ≥ 4.
74% dos 120 doentes apresentavam um score Padua ≥ 4, predizendo um alto risco de TEV, sendo os fatores de risco mais observados a imobilização >3 dias e idade >70 anos. 7,5%, apesar de terem indicação, não iniciaram anticoagulação profilática. Objetivou-se um alto risco hemorrágico em 28,3% dos doentes, cerca de metade destes medicados para profilaxia de TEV.
O fármaco utilizado em todos os doentes foi enoxaparina. Todos os doentes analisados mantiveram a profilaxia durante todo o tempo de internamento.

Conclusões: A maioria dos doentes analisados foram medicados profilaticamente de acordo com as recomendações mais recentes. No entanto, observa-se ainda o sobreuso dessa medicação numa percentagem considerável de doentes. Releva-se assim a necessidade de realização de protocolos de prática clínica hospitalar, com vista ao uso adequado de anticoagulação profilática no sentido de prevenir o TEV em doentes de maior risco e tentar evitar os riscos de iatrogenias associados a essa terapêutica.