Carina Ramalho, Mariana Almeida, Francisco Gomes, Sílvia Rodrigues, Fátima Campante
Introdução: As pneumonias são uma das principais causas de internamento nos serviços de medicina e condicionam aumento da morbilidade e mortalidade dos doentes. Por outro lado, colocam-se questões no que toca à antibioterapia e resistência antibiótica. É importante conhecermos as populações atingidas, bem como a eficácia dos tratamentos que utilizamos.
Objetivos: Avaliar características demográficas dos doentes com pneumonia, bem como a média de internamento, taxa de mortalidade e de reinternamento; perceber quais os antibióticos mais prescritos, bem como a percentagem de falência destes antibióticos e cumprimento das atuais orientações.
Métodos: Estudo retrospetivo através da análise de todos os doentes internados num serviço de medicina entre janeiro e março de 2018 com diagnóstico de Pneumonia (n=163). Os dados foram fornecidos através do Grupo de Diagnósticos Homogéneos do hospital e as informações colhidas através das notas de alta dos doentes e analisadas através do Excel.
Resultados: Durante este período, foram internados 163 doentes com diagnóstico de pneumonia: 94 pneumonias associadas à comunidade; 61 pneumonias nosocomiais (18 doentes com sintomas a partir das 48 horas de internamento; 6 com internamento há menos de 3 meses; 7 transferências; 30 doentes de lares); 2 pneumonias associadas ao ventilador; 6 pneumonias de aspiração. Destes, 84 eram mulheres e 79 homens, com uma média de
78,3 anos (moda:88; mediana: 82), sendo superior no sexo feminino (81,1 anos). Foram isolados microrganismos em 13 doentes, sendo o MRSA o mais frequente. A média de internamento foi de 16,2 dias, comparada com 12,8 dias do serviço. A taxa de mortalidade foi de 25,2%, comparado com os 14,1% do serviço. Durante 2018, foram reinternados17 destes doentes (10,4%) por patologia respiratória. Nas PAC, o Amoxiclav com Claritromicina foi a combinação mais usada como primeira linha (25/94 doentes: 26,6%; falência em 9). Destes 94 doentes, 37 necessitaram de switch de antibióticos (22 para Tazobac, 2ª linha mais frequente), dos quais 8 fizeram switch mais do que uma vez. Nas PACS, o Tazobac foi o antibiótico mais utilizado em primeira linha (20/61 doentes: 38,2%;
falência em 4), 21 doentes necessitaram de switch de antibiótico (14 para Tazobac, 2ª linha mais frequente), sendo que 6 fizeram mais que um switch.
Conclusão: Verificou-se um grande número de internamentos por pneumonia durante estes 3 meses, tendo contribuído para o aumento do tempo de internamento e da taxa de mortalidade do serviço. A taxa de reinternamentos é também significativa. As PAC foram as mais frequentes e dentro das pneumonias nosocomiais, foram os doentes de lares. A antibioterapia utilizada em primeira linha foi, em geral, respeitadora das orientações da DGS. Apesar disso existe uma grande percentagem que necessita mais do que uma linha de antibioterapia. De destacar também o pequeno número de isolamentos de microrganismos responsáveis por estas infeções.