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COMPLICAÇÃO DE UMA CISTITE: UMA ENTIDADE RARA
Doenças infeciosas e parasitárias - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG149 - Resumo ID: 1054
Centro Hospitalar Tondela Viseu
Inês Cunha, Joana Andrade, Nuno Ribeiro, Vera Romão, António Correia
Mulher de 94 anos com antecedentes de colecistectomia e obstipação crónica recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal generalizada desde há 1 semana, sem outras queixas associadas. Ao exame objetivo encontrava-se apirética, com abdómen globoso, mole, depressível, difusamente timpanizado, doloroso, sem defesa, com ruídos hidroaéreos diminuídos e punho-percussão dos ângulos costovertebrais negativa. Analiticamente: leucócitos 13G/L, neutrofilia(88%), função renal normal e PCR 4.08mg/dL. A radiografia abdominal revelou distensão cólica. Na ecografia observou-se distensão exuberante da bexiga com ar na parede em toda a extensão sugestiva de cistite enfisematosa(CE). A TC pélvica confirmou o diagnóstico. Foi algaliada com saída de 1000cc de urina hemática. Iniciou piperacilina/tazobactam e meropenem. A posteriori a sumária de urina tipo 2 revelou 112 leucócitos/μL e 133 eritrócitos/μL e a urocultura Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli. Foi descalada antibioterapia em função do TSA para cefuroxime, com melhoria clínica. 10 dias depois, nova TC revelou resolução da CE. A CE é uma complicação extremamente rara de infeções do trato urinário(ITU) inferiores, que consiste na presença de gás na parede e lúmen da bexiga, originado por bactérias produtoras de gás. É mais comum em mulheres na 6ª e 7ª décadas de vida. Os principais fatores de risco são: diabetes mellitus(DM), ITUs de repetição, bexiga neurogénica, obstruções da bexiga e imunossupressão. Pode manifestar-se com dor abdominal, febre, disúria, hematúria, polaquiúria e pneumatúria. A distinção entre ITU vulgar e CE é apenas possível através de exames de imagens. A TC é o método de eleição. Recomenda-se antibioterapia de largo espectro, drenagem vesical e controlo rigoroso das glicémias na DM. A taxa de mortalidade é de 7,4%, associada a complicações como pielonefrite enfisematosa, rutura da bexiga e choque séptico. O diagnóstico e tratamento atempados são cruciais para uma evolução favorável como a relatada.