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CIRCULAÇÃO ÁUREA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P571 - Resumo ID: 1055
Centro Hospitalar de Leiria (CHL), Hospital de Santo André (HSA), Leiria, Portugal
Cátia Faria, Cátia Ribeiro Santos, Diana Moura, João Crespo Santos
Introdução: A bacteriémia pode ocorrer espontaneamente mas, mais frequentemente, relaciona-se com infeções localizadas e/ou manipulação de dispositivos invasivos. Quando prolongada pode cursar com o surgimento de dispersos abcessos, sendo esta situação mais intimamente ligada ao microrganismo estafilococo.
Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de um senhor de 52 anos, diabético, obeso, com dislipidemia e esteatose hepática, atualmente sem medicação habitual por dificuldade económica. Recorreu à urgência por poliartralgias com 15 dias de evolução, acometendo joelhos, cotovelos e mãos sem limitação funcional, associadas a edema, calor e rubor no dorso da mão esquerda, sinais compatíveis com celulite, com solução de continuidade com drenagem purulenta. Negava febre apesar de estar objetivamente febril. Analiticamente apresentava leucocitose, neutrofilia e proteína C reativa (PCR) elevadas, rabdomiólise ligeira, hiperglicemia e acidemia. Isolado estafilococo aureus multisensível em hemoculturas e cultura do pus, pelo que se dirigiu antibioterapia com flucloxacilina. O ecocardiograma transtorácico não mostrou vegetações nem massas intracavitárias mas evidenciou um pequeno derrame pericárdico circunferencial de 16mm. Foi avaliado pela Cardiologia que admitiu pericardite aguda, medicado com ácido acetilsalicílico e colchicina, com regressão do derrame. Por manutenção da febre colheu novas hemoculturas após 2 semanas de tratamento, mantendo-se isolamento do mesmo microrganismo. Alterada antibioterapia para vancomicina com resolução da febre. Admitida bacteriémia persistente a justificar terapêutica efetiva por 6 semanas. O ecocardiograma transesofágico excluiu endocardite e a tomografia toraco-abdomino-pélvica revelou derrame pleural bilateral moderado e abcessos para-espinhal direito, dorso-lateral direito e prostáticos. Dado o doente se apresentar assintomático, com apirexia sustentada e com melhoria analítica, decidiu-se pelo tratamento conservador dos mesmos, prolongando antibioterapia e mantendo controlo imagiológico, que mostrou posterior regressão dos mesmos. Como intercorrência no internamento apresentou endoftalmite endógena. Perante o quadro e as múltiplas complicações e achados supracitados foi excluída imunossupressão e doença auto-imune.
Conclusão: Pretende-se ressaltar a marcha diagnóstica e terapêutica num doente com bacteriémia sem esquecer as possíveis complicações que possam coexistir. Salienta-se ainda a necessidade de antibioterapia dirigida e prolongada e o estudo de eventual doença sistémica subjacente.