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DESAFIO DIAGNÓSTICO DA NEOPLASIA COM PRIMÁRIO OCULTO
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P769 - Resumo ID: 1062
ULSM - Hospital Pedro Hispano
José Brito da Silva; Carlos Ochoa Leite; Adriana Soares; Sofia Moreira-Silva
Introdução: As neoplasias de local primário oculto (CUP’s) representam 3 a 5% de todas as neoplasias. As CUP são por definição neoplasias metastáticas, com grande variabilidade de apresentação e mau prognóstico na maioria dos casos (sobrevida mediana de 6 a 9 meses). Mesmo após extensa investigação, o local anatómico primário é identificado em menos de 30% dos casos. No entanto, uma abordagem diagnóstica apropriada pode ajudar a identificar subgrupos de doentes que responderiam melhor à quimioterapia ou mesmo que beneficiariam de terapêutica dirigida.
Caso clínico: Doente de 74 anos, recorre ao Serviço de Urgência por síndrome constitucional (perda ponderal de 4kg e anorexia) associado a parestesias nadegueiras com 15 dias de evolução e de agravamento progressivo. Por elevação das transamínases é realizado exame de imagem que revela lesões hepáticas sugestivas de etiologia secundária, sendo internado para estudo. Em D2 de internamento apresenta retenção urinária, que se associa a febre, elevação de parâmetros inflamatórios e subida discreta de PSA, tendo sido interpretada como prostatite aguda e iniciada antibioterapia. Realizou ressonância magnética lombo-sagrada, que mostrou múltiplas alterações sugestivas de infiltração óssea difusa por patologia tumoral, provavelmente metastática, também com componentes teciduais envolvidos. Associado ao quadro de lombociatalgias e retenção urinária, desenvolve incontinência fecal e tem episódio de dor intensa e incapacitante no membro inferior direito; por suspeita de síndrome da cauda equina, é proposto e aceite para radioterapia emergente. Continua estudo etiológico com endoscopia alta, baixa, mamografia, tomografia torácica e ecografia prostática, sem identificação de neoplasia primária. As lesões hepáticas foram biopsadas, com um primeiro resultado de carcinoma, mas sem definição de primário. Realizada segunda biópsia a sugerir carcinoma com possível primário hepato-biliar. É pedido doseamento de alfa-fetoproteína, que vem francamente elevado. Decide-se, em reunião com Oncologia Médica, realização de PET (Tomografia de Emissão de Positrões). No dia anterior ao exame, com clínica de infecção respiratória. PET a mostrar hipercaptação de FGD no pulmão direito, fígado e coluna vertebral. É feito diagnóstico de Pneumonia a Influenza A com sobreinfecção bacteriana, acabando por falecer deste evento.
Discussão: Este caso traduz a complexidade inerente ao estudo diagnóstico das neoplasias com primário oculto. Permite, ao mesmo tempo, ressalvar dois alertas importantes: 1) a limitação dos exames diagnósticos disponíveis à data e os seus falsos positivos; 2) a relevância da infecção nosocomial na morbimortalidade dos doentes internados.