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NÓDULO DO PÂNCREAS – QUANDO A DÚVIDA PERSISTE.
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P226 - Resumo ID: 1065
Serviço de Medicina Interna do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada
Diogo Bernardo Moura, Joana Castro, Paula Macedo
O nódulo do pâncreas é uma entidade nosológica com incidência crescente graças à progressiva generalização de métodos de imagem cada vez mais sofisticados. No entanto, carecem consensos e normas de orientação quanto à abordagem a seguir. O médico assistente tem, assim, a difícil decisão de progredir no estudo ou manter o doente sob vigilância – pesando sempre o risco de se tratar de uma lesão maligna em fase inicial.

Caso 1: Homem de 62 anos, com diagnóstico prévio de úlcera péptica perfurada com necessidade de gastrectomia parcial Bilroth II, seguido em consulta de Medicina Interna para controlo de fatores de risco cardiovasculares, apresentou quadro caracterizado por dor abdominal, diarreia e perda de peso com cerca de quatro meses de evolução. Foi realizada tomografia computorizada (TC) abdominal que identificou um nódulo de 14 mm no istmo pancreático. Do estudo de secreção neuroendócrina destacava-se um aumento do valor sérico de cromogranina A. Não foi possível visualizar a lesão por ecoendoscopia, o mesmo sucedendo por colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM). Em estudo por tomografia por emissão de positrões-tomografia computorizada (PET-TC) com 68Ga-DOTANOC não foram identificadas lesões hipercaptantes; a fluoroscopia por PET-TC com 18F-fluorodesoxiglicose também não revelou um aumento de atividade a nível pancreático ou outras lesões. As imagens do estudo por TC abdominal foram reanalisadas pelo radiologista, que confirmou a presença da lesão.

Caso 2: Homem de 37 anos, seguido em consulta de Medicina Interna desde há quatro anos por episódios recorrentes de lipotímia caracterizados por sudorese profusa, palidez e sensação de desfalecimento, com glicemia e tensão arterial normais. Foi excluída etiologia cardíaca, neurológica, pulmonar e endócrina. No estudo de secreção neuroendócrina verificou-se um aumento do valor sérico de ácido 5-hidroxil-indolacético. Em estudo por TC abdominal foi identificado um nódulo de 4 mm no istmo pancreático, que não foi visualizado por CPRM. O estudo por PET-TC com 68Ga-DOTANOC não identificou lesões hipercaptantes.

Ambos os casos foram apresentados e discutidos em reunião multidisciplinar.

Os tumores do pâncreas apresentam sintomatologia comum a patologia de outros órgãos e sistemas, o que dificulta a correlação etiológica inequívoca entre o quadro clínico e o nódulo do pâncreas identificado por TC abdominal. Os diferentes exames complementares de diagnóstico auxiliam a caracterização da lesão. No entanto, perante a dúvida persistente relativamente à natureza da lesão, e conhecendo o prognóstico sombrio do adenocarcinoma pancreático, importa estabelecer critérios consistentes com as indicações para o recurso a meios diagnósticos mais invasivos, nomeadamente, cirúrgicos.