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OS DESAFIOS PARA ALÉM DO RISCO CARDIOVASCULAR – UM CASO DE HIPERCALIÉMIA
Doenças Renais - E-Poster
Congresso ID: P798 - Resumo ID: 1072
Centro Hospitalar de Setúbal
Margarida Madeira, Gonçalo Mendes, Hugo Viegas, Pedro Freitas, Clara Rosa, Eugénio Dias
Introdução: A hipercaliémia é um achado comum em doentes hospitalizados. Mais comumente é atribuída a drogas que antagonizam o sistema renina-angiotensina-aldosterona ou a lesão renal aguda, apesar da taxa de filtração glomerular significativamente preservada.
Caso clínico: Apresentamos o caso de uma mulher de 85 anos, com história pessoal de cardiopatia isquémica, Hipertensão arterial e Diabetes Mellitus tipo 2; Medicada com Lisinopril/Amlodipina 20/5mg; Ramipril 5mg; Bisoprolol 2.5mg e Vidagliptina/Metformina 50/1000mg. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de dor pré-cordial com algumas horas de evolução. À entrada apresentava-se bradicardica e com mialgias, analiticamente com hipercaliémia e elevação da Troponina I. Ficou internada para vigilância e correção da hipercaliémia. Durante o internamento foi objetivada acidose metabólica e doença renal crónica (DRC) agudizada com ClCr 25.9 mL/min. Foram suspensos todos os fármacos potencialmente hipercalemiantes, sem melhoria do quadro. Foi doseado o ionograma urinário e calculado o gradiente transtubular de potássio – inferior a 7, sugerindo a presença de Acidose Tubular Renal. Foram pedidos os doseamentos séricos de Aldosterona e Renina, e a doente teve alta com o diagnóstico de Acidose Tubular Renal tipo 4. Na reavaliação em Consulta do Dia no Hospital de Dia de Medicina Interna constatou-se que a hipercaliémia permanecia controlada em ambulatório, mantendo-se, contudo, a acidose metabólica.
Conclusão: A Acidose Tubular Renal tipo 4 é uma entidade subdiagnosticada, apesar de realtivamente comum - estima-se que tenha uma incidência de 3.8% na população internada com hipercaliémia. A sua apresentação clínica é frustre e manifesta-se tipicamente com variáveis graus de hipercaliémia, acidose metabólica hiperclorémica sem diminuição significativa da taxa de filtração glomerular. Os riscos derivam maioritariamente da magnitude da hipercaliémia. É mais prevalente na população diabética com compromisso ligeiro a moderado da função renal (DRC estádio 2-3). Em suma, o objetivo é consciencializar para a importância da investigação etiológica da hipercaliémia, que pode ser desafiante e não deve ser subestimada.