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POLIMIALGIA REUMÁTICA – DADOS DE UM HOSPITAL DISTRITAL
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Comunicação
Congresso ID: CO070 - Resumo ID: 1073
Hospital de Cascais - Serviço de Medicina Interna
Madalena Sousa Silva, António Carneiro, Isa Silva, Luís Pereira, Carolina Sequeira, Paula Antunes, Sofia Rodrigues, Ana Boquinhas
A polimialgia reumática é uma doença reumatológica inflamatória, caracterizada por rigidez articular associada a impotência funcional e artralgia. Atinge sobretudo mulheres >50 anos.

Objetivo: Caracterização dos doentes com polimialgia reumática diagnosticada num Hospital Distrital.

Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes com diagnóstico de polimialgia reumática, realizado entre 2010 e 2018. Colheita de dados através de consulta de processos clínicos e subsequente análise descritiva.

Resultados: Durante o período estabelecido houve 15 doentes diagnosticados com esta patologia. A maioria (60%, n=9) foram mulheres com uma proporção mulher:homem de 1,5:1; discretamente inferior ao descrito na literatura. A idade média na altura do diagnóstico foi de 81.4 (±10.3), com uma idade máxima de 94 e mínima de 55 anos. A forma de apresentação mais frequente foram queixas artrálgicas (60%, n=9), seguindo-se sintomas constitucionais em 26.7% e rigidez articular em 13.3%. Em 80% dos doentes verificou-se envolvimento da cintura escapular , em 73.3% cintura pélvica e menos frequentemente (46.7%) envolvimento cervical. 60% dos doentes (n=9) referiram rigidez matinal. Do estudo laboratorial destacou-se anemia à admissão em 60% dos doentes, com uma hemoglobina média de 11.7g/dL; elevação de velocidade de sedimentação (VS) em todos os doentes aquando da primeira avaliação, com uma VS média de 76 mm 1ªh. Apenas um doente não evidenciava elevação de proteína C reactiva à admissão, com um valor médio de 11.1mg/dL. 33.3% (n=5) dos doentes apresentou PCR>20mg/dL. Apenas num doente se verificou associação com arterite de células gigantes. Todos os doentes iniciaram corticoterapia com prednisolona, com doses diárias variáveis entre 15 e 60mg, (média de 23.3mg/dia). O tempo até início de redução de dose de corticoide oscilou entre 10 dias e 6 meses, tendo havido recorrência de sintomatologia após redução em 4 doentes, coincidente com aqueles cujo início de desmame ocorreu mais tarde. 26.7% dos doentes (n=4) tiveram um internamento relacionado com a patologia de base ou terapêutica instituída - 2 por recorrência sintomática após desmame de corticoide, 2 por descompensação de diabetes mellitus, 1 associado a fractura osteoporótica e outro por candidíase esofágica. Oito doentes evidenciaram complicações médicas associadas a corticoterapia. Houve associação neoplásica em 2 doentes. Dos 15 doentes da amostra, 4 morreram desde o diagnóstico 1 por causa infecciosa, 2 por causa cardiovascular e 1 por neoplasia em estádio terminal.

Conclusões: A polimialgia reumática é uma doença com alto impacto na qualidade de vida dos doentes pelo que, quando abordada de forma precoce poderão ser minimizadas as intercorrências nefastas. Parece-nos um número de doentes muito diminuto face a outros estudos, o que leva a pensar que seja uma entidade subdiagnosticada. Com este trabalho pretende chamar-se a atenção para esta patologia, de forma a correctamente abordar o doente.