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ENDOCARDITE INFECIOSA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 5 ANOS DE UM HOSPITAL DA ÁREA DA GRANDE LISBOA
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO208 - Resumo ID: 1075
Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca
Inês Nunes da Silva, Clara Matos, Maria Ferreira, Teresa Branco
Introdução:

A Endocardite Infeciosa (EI) é uma infeção do endocárdio causada por bactérias, vírus ou fungos e que está associada a alta morbimortalidade. O agente causal mais frequente é o Streptococcus viridans, responsável por casos de EI subaguda, seguido pelo Staphylococcus aureus, que origina quadros agudos. A Insuficiência Cardíaca e a embolização séptica são as complicações mais observadas e as que determinam um prognóstico mais desfavorável.


Objectivo:

Revisão dos processos de doentes internados num hospital da área da grande Lisboa entre 2014 e 2018 com o diagnóstico de EI, com o intuito de caracterizar a população afetada por esta doença.


Métodos:

Estudo retrospectivo, descritivo, no qual foram examinados os processos clínicos dos doentes internados no referido hospital durante o período previamente referido, com diagnóstico à data de alta de EI. Para além da caracterização epidemiológica, foi avaliado o tempo de internamento, a apresentação clínica, o microrganismo causal, a existência de fatores de risco para EI, a morbimortalidade e o destino pós-alta.


Resultados:

Durante o período previamente referido, foram documentados 34 casos de EI, dos quais 91% eram do sexo masculino e 9% eram caucasianos e de nacionalidade portuguesa. Os restantes, de raça negra e imigrantes. A média de idade de diagnóstico foi de 62,5 anos e compreendeu os 20 e os 84 anos de idade.
A maioria dos casos apresentaram-se como um síndrome febril de origem indeterminada e a manifestação subaguda foi a mais representada. Foi realizada uma revisão do tempo até ao diagnostico e a sua correlação com o prognóstico. A média de internamento correspondeu a 27,9 dias e o a maioria dos doentes foi inicialmente admitida nos serviços de Medicina.
Verificou-se que 32% dos doentes tinham factores de risco para endocardite, sendo a prótese valvular o mais frequente. O Streptococos viridans foi o microorganismo causal mais frequentemente identificado, seguido pelo Staphylococcus aureus sensível à meticilina. Em 18% casos não foi reconhecido agente etiologico. De realçar que se observaram 15% de casos de EI por Streptococcus gallolyticus, cuja bacteriemia se encontra associada a neoplasia colorrectal. No entanto, a investigação apenas documentou doença diverticular em 3 casos.
A complicação mais frequentemente identificada foi a insuficiência cardíaca aguda, a qual se observou em 29% dos casos, seguida de embolização séptica (26%), nomeadamente cerebral (12%) e esplénica (9%). 24% dos casos tiveram necessidade de cirurgia cardiotoracica emergente e 12% faleceram.


Conclusão:

A EI é uma patologia pouco habitual na prática clínica e por vezes difícil de reconhecer dada a falta de especificidade do quadro clínico de apresentação. No entanto, encontra-se associada a complicações severas e a alta mortalidade, pelo que é fundamental um diagnostico precoce e um tratamento adequado para evitar as consequências nefastas que dela advém.