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IMPACTO DA RELAÇÃO UREIA:CREATININA À ADMISSÃO NOS INTERNAMENTOS POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO211 - Resumo ID: 1081
Hospital Central do Funchal - Serviço de Medicina Interna
Mariana Mendes Gomes, Luís Romualdo Correia, Carolina Barros, Helena Luís, Bela Machado, Mariana Bilreiro, Rita Rodrigues, Maria Luz Brazão
Introdução: A disfunção renal é reconhecida como fator de mau prognóstico na insuficiência cardíaca (IC). Entre os marcadores analíticos usados para aferir essa disfunção disponíveis na prática clínica encontramos a ureia e creatinina séricas. Cada um apresenta limitações que impedem uma relação clara entre o valor absoluto, com a disfunção renal e o seu contributo prognóstico em contexto de IC descompensada. Nas limitações, encontramos a sarcopenia que pode surgir em contexto de caquexia cardíaca e a contração de volume intravascular favorecido pelos fármacos utilizados na IC, nomeadamente, os diuréticos. Um parâmetro simples, a razão ureia:creatinina (RUC), tem sido sugerida como forma de ultrapassar as limitações descritas.
Objetivos: Aferir o valor da RUC à admissão no prognóstico dos doentes admitidos por IC descompensada num serviço de Medicina Interna (SMI).
Material e Métodos: Foi elaborado um estudo retrospetivo. Foram incluídos todos os internamentos consecutivos de um SMI ao longo de 6 meses motivados por IC descompensada em adultos provenientes do ambulatório. Extraíram-se variáveis demográficas, semiológicas e analíticas à admissão bem como o tempo de internamento e a ocorrência de óbito intra-hospitalar por qualquer causa. Entre as variáveis analíticas, destacou-se a ureia e creatinina, e dessas foi calculada a RUC. Os casos foram divididos em grupo A (RUC < 60) e B (RUC >=60). As variáveis qualitativas foram expressas em frequências enquanto as qualitativas em média e desvio-padrão (DP); utilizou-se, respectivamente, o teste Qui-quadrado e teste t para estudar das diferenças entre os grupos. A associação entre RUC e óbito intra-hospitalar foi aferido com recurso a regressão logística incluindo fatores de confundimento preditores reconhecidos. Assumiu-se o limiar de significado estatístico p < 0,050. Utilizou-se o software da instituição para a consulta dos processos clínicos. Agregaram-se os dados com o Microsoft Office Excel 2010. O tratamento estatístico foi realizado com o apoio do IBM SPSS versão 19.0.
Resultados: Obteve-se uma mostra de 166 casos. A média das idades foi de 80,1 (DP 8,2) anos. Cinquenta e oito (34,9%) pertenciam ao sexo masculino. A média das uremias foi 74,0 (DP 43,3) mg/dl e das creatininemias 1,4 (DP 0,6) mg/dl. A média da RUC foi 52,9 (DP 16,4). Verificou-se óbito em 19 casos (11,4%). No grupo A, foram incluídos 120 casos (72,3%)e ocorreram 8 óbitos (6,7%) enquanto o grupo B era composto por 46 casos (27,7%) tendo falecido 11 (23,9%) (p = 0,002). Verificou-se associação entre uma RUC > 60 e o óbito intra-hospitalar (odds-ratio 4,4 p=0,003), mantendo a associação significativa na regressão com outros preditores.
Conclusão: Uma RUC elevada em contexto de IC descompensada esteve associada a mau desfecho no decorrer do internamento sugerindo valor prognóstico. Sugere-se mais estudos neste campo.