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O INQUILINO – ASPERGILOMA COMPLICADO EM IMUNOCOMPETENTE
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P840 - Resumo ID: 1083
Centro Hospitalar do Oeste - Unidade de Torres Vedras
José Pereira, Juliana Magalhães, Carina Rolo, Inês Antunes, Natália André, Ivone Barracha, Rosa Amorim
A aspergilose pulmonar compreende uma das formas de infecção por fungo do género Aspergillus, sendo a sua apresentação clinica variável de acordo com a imunidade do hospedeiro. Este organismo, saprófita das vias respiratórias, torna-se patogénico em doente imunocomprometidos. Em doentes imunocompetentes são infrequentemente descritas formas crónicas de infecção pulmonar, com desenvolvimento de lesões cavitadas progressivas, sintomas sistémicos e ausência de invasão parenquimatosa.

Descreve-se o caso de um homem de 62 anos de idade, Funcionário Judicial, com antecedentes pessoais de enfisema pulmonar de diagnóstico recente e tabagismo (>45UMA), em avaliação pela Pneumologia por quadro de dispneia, cansaço progressivo para pequenos esforços e tosse produtiva mucopurulenta com vários meses de evolução. Referia ainda perda ponderal de cerca de 8% do peso corporal e anorexia com um ano de evolução. Na observação emagrecido, corado e hidratado, apirético, sem alterações na auscultação cardiopulmonar. Analiticamente com leucocitose, neutrofilia e PCR 1,5mg/dl. Radiografia do tórax com hipotransparência heterogénea triangular no lobo superior direito. TC-Tórax com lesão cavitada subpleural com 6 cm no ápice pulmonar direito, com paredes irregulares, com espessamento pleural adjacente, condicionando repuxamento superior do hilo. Realizou broncofibroscopia por suspeita de tuberculose, que foi interrompida por quadro de insuficiência cardíaca aguda com evolução em choque cardiogénico, motivo pelo qual foi transportado para o SU e internado no serviço de Medicina Interna, após estabilização hemodinâmica. Durante o internamento realizou análises com BNP de 3300pg/mL, Ecocardiograma TT que documentou ventrículo esquerdo dilatado com má função sistólica global e derrame pericárdico volumoso, coronáriografia que excluiu etiologia isquémica e RMN-cardíaca que excluiu miocardiopatia de etiologia inflamatória. Verificou-se melhoria clinica progressiva com a optimização da terapêutica de insuficiência cardíaca.

Para esclarecimento da lesão pulmonar realizou os seguintes exames complementares: Ac. Anti VIH 1 e 2 negativo, exame directo e cultural de expectoração e lavado bronco-alveolar (LBA) negativo para micobactérias, dois testes de galactomannam positivos, precipitinas de Aspergillus spp positivas, exame citológico do LBA sem atipia citológica, macrófagos e numerosos polimorfonucleares neutrófilos. Iniciou terapêutica com itraconazol, com melhoria sintomática progressiva. Ao 26º dia de internamento teve episódio de hemoptise maciça fatal.

O caso apresentado demonstra a importância das comorbilidades na evolução e apresentação clinica da aspergilose pulmonar. Apesar do doente não apresentar imunodepressão evidente ou história prévia de tuberculose, apresentava clinica sugestiva de aspergilose pulmonar crónica com sintomas sistémicos e lesão cavitada pulmonar, tendo-se verificado uma evolução desfavorável com desfecho fatal.