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CHEIA DE ADRENALINA AOS 82 ANOS
Urgência / Cuidados Intermédios e Doente Crítico - E-Poster
Congresso ID: P870 - Resumo ID: 1091
Centro Hospitalar de Leiria (CHL), Hospital de Santo André (HSA), Leiria, Portugal
Cláudia Antunes, Cátia Santos, Adélia Miragaia
Introdução: As reacções anafilácticas podem manifestar-se de diversas formas, embora predominem os sintomas mucocutâneos, o seu diagnóstico é maioritariamente clínico e habitualmente afectam pelo menos dois sistemas de órgãos. A maioria das reacções anafilácticas ocorre na primeira hora após a exposição ao desencadeante, a administração de adrenalina está indicada e não deve ser adiada por custo de evolução desfavorável.

Caso Clínico: Doente do sexo feminino, 82 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidémia, diabetes Mellitus tipo 2, doença hepática crónica alcoólica, trazida ao serviço de urgência por queda da própria altura sobre o hemicorpo direito cujas queixas álgicas foram medicadas com metamizol endovenoso. Analiticamente apresentava anemia 11.4 g/dl normocítica, normocrómica, sem outras alterações de relevo. Realizou Tomografia Computorizada (TC) Cranioencefálica e cervical sem alterações agudas. Posteriormente a doente inicia quadro de prostração com polipneia, estridor com edema dos lábios, sem angioedema, hipotensão arterial 55/42mmHg, taquicardia 100-120bpm com sinais de hipoperfusão periférica e exantema cutâneo urticariforme generalizado. Foram administradas hidrocortisona, fluidoterapia, três doses de adrenalina Intramuscular (500 µg a cada 5 minutos) sem reversão do quadro pelo que foi iniciada perfusão de adrenalina. Cerca de quatro horas depois foram objectivadas hematoquézias. Neste contexto realizou TC abdominal e pélvica que revelou espessamento e hipodensidade da parede do cólon descendente e sigmóide com densificação anómala da gordura adjacente em provável relação com colite isquémica a integrar no contexto clínico-laboratorial da examinada. Foi observada pela Gastroenterologia com realização de retosigmoidoscopia com progressão apenas até cerca de 35 centímetros da margem anal pela exuberância dos achados endoscópicos sugestivos de colite isquémica severa, com estrias necróticas, e úlcera no recto com sangue vivo. Analiticamente verificou-se descida da hemoglobina para 7.6 g/dL com necessidade de administração de duas unidades de concentrado eritrocitário. Foi realizada terapêutica conservatória tendo cumprido metronidazol com ciprofloxacina com evolução clínica favorável e recuperação do trânsito gastrointestinal.

Discussão: A administração de metamizol na forma parentérica continua a ser a privilegiada em meio hospitalar apesar de associada a um risco mais elevado de reacções anafilácticas. A abordagem que assenta no algoritmo ABCDE implica uma intervenção por etapas, cuja ausência de resolução de cada uma delas condiciona a progressão para a seguinte. Apesar das consequências que daí possam advir, como no caso exposto, a colite isquémica, a aplicação do algoritmo possibilitou a preservação da vida da doente.