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PÚRPURA HENOCH-SCHÖNLEIN – UMA DOENÇA TIPICAMENTE PEDIÁTRICA NO DOENTE IDOSO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P059 - Resumo ID: 1095
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
Francisco Pombo, Margarida Cruz, Marina Mendes, Pedro Lopes, Mari Mesquita
Introdução: A vasculite por IgA ou púrpura Henoch-Schönlein é uma doença típica da infância, tendo uma incidência de 5/100.000 na idade adulta. Neste caso clínico relatamos um caso de vasculite por IgA, num indivíduo idoso.

Caso Clínico: Homem de 80 anos de idade, sem antecedentes patológicos de relevo ou medicação habitual, recorre ao serviço de urgência por aparecimento de exantema purpúrico, com envolvimento do tronco, membros e palmas das mãos e plantas dos pés, com cerca de 3 semanas de evolução e com atingimento inicial dos membros inferiores e posteriormente dos membros superiores e tronco, em áreas não fotoexpostas. Este doente apresentava queixas de dor abdominal no hipogastro e hematoquézias, uma semana após o início das lesões cutâneas. Foi internado no serviço de Medicina Interna para estudo etiológico. Do estudo efetuado destaca-se ligeira anemia ferropénica e trombocitopenia (110.000/µL), com elevação da velocidade de sedimentação (84mm) e proteína C-reativa (164,8mg/L); sem alterações do estudo da coagulação. Do estudo imunológico realizado sem alterações de relevo. Realizada biópsia cutânea de dois fragmentos que revelou derme com lesões de vasculite leucocitoclástica compatível com diagnóstico clínico de púrpura Henoch-Schönlein. Realizada colonoscopia total que revelou petéquias/sufusões subepiteliais dispersas pelo reto e cólon sigmóide, sem sangue no lúmen. O doente teve ótima evolução clínica com resolução total do exantema ao fim de 11 dias de internamento. Sem recorrência após reavaliação em consulta externa.

Discussão: A vasculite por IgA é uma vasculite leucocitoclástica, de aparecimento típico na infância e rara em idosos (associada a pior prognóstico). É caraterizada pela deposição de IgA nos vasos sanguíneos (predominantemente na pele e na mucosa gastrointestinal) e nos glomérulos renais (de pior prognóstico). Neste caso destacamos a apresentação tardia com atingimento cutâneo e gastrointestinal, com óptima evolução clínica.