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UM TUMOR RARO COM UMA MANIFESTAÇÃO FREQUENTE
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P736 - Resumo ID: 1104
Hospital da Luz, Lisboa, Portugal
Margarida Nascimento, Pedro Mota, Pedro Barreiro, Teresa Loureiro Timóteo, Filipa Malheiro, Alexandra Bayão Horta
Introdução:
As neoplasias do tracto gastro-intestinal (TGI) superior correspondem a menos de 3% de todas as causas de hemorragia digestiva alta (HDA), mas a hemorragia pode ser a manifestação inicial em muitos tumores benignos ou malignos. Descreve-se o caso de um tumor gástrico raro em que a apresentação inicial foi a de HDA.

Caso clínico:
Doente do sexo masculino, 63 anos, sem antecedentes patológicos conhecidos ou medicação habitual, que recorre ao Serviço de Urgência por quadro com três dias de evolução de mal-estar geral, vómitos alimentares com conteúdo hemático e episódio sincopal. Referia ainda fezes escuras. À admissão sem alterações de relevo ao exame objectivo. Analiticamente destacava-se Hb 9.6 g/dL e urémia 98 mg/dL com creatininémia normal. Inicialmente foi admitida HDA em contexto de Síndrome de Mallory-Weiss. Manteve-se sob perfusão de inibidor da bomba de protões e fluidoterapia cristalóide, tendo também realizado suporte transfusional. Realizou endoscopia digestiva alta nas primeiras 24h que documentou: esofagite de refluxo grau C na classificação de Los Angeles, hérnia do hiato, gastropatia do corpo de aspecto granular com úlceras dispersas que foram biopsadas, sem aspectos de hemorragia recente. Do estudo analítico destacava-se níveis baixos de vitamina B12 com anticorpos anti-célula parietal e anti-factor intrínseco negativos. O doente teve alta clinicamente melhorado, tendo o resultado anatomopatológico revelado neoplasia neuroendócrina bem diferenciada de baixo grau (Ki67<2%), metaplasia intestinal focal e gastrite crónica associada a H. pylori. O doente foi referenciado a Consulta de Oncologia e Gastrenterologia, tendo sido submetido a mucosectomia endoscópica que confirmou o diagnóstico de tumor neuroendócrino (TNE) gástrico tipo I associado a gastrite atrófica e hipergastrinémia, tendo iniciado tratamento com lanreótido. Aos dois anos de follow-up, verifica-se a não recidiva.

Discussão:
Os autores descrevem este caso pela raridade desta classe de tumor. Os TNE gástricos correspondem a 7% de todos os TNE do TGI e subdividem-se em três tipos, sendo o tipo I o mais frequente, estando associado a gastrite crónica atrófica. Estas neoplasias são normalmente indolentes e geralmente representam uma condição benigna.