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E SE A MORTE SURGE DURANTE A HOSPITALIZAÇÃO DOMICILIÁRIA?
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO026 - Resumo ID: 1106
Unidade de Hospitalização Domiciliária, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal.
Marta Monteiro, Catarina Pereira, Daniela Mendes, Juliana Silva, Miguel Moreira, Ricardo Fernandes, Rosa Ferreira, Olga Gonçalves
Introdução: A atividade de uma Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) obedece a critérios de admissão específicos, nomeadamente a estabilidade do doente. A situação clínica pode, contudo, deteriorar-se, sendo necessário estabelecer qual a prioridade em cada situação de vida.
Objetivos: Análise retrospetiva da Mortalidade numa UHD no período de dez meses, 23/03/2018 a 18/02/2019.
Métodos: Análise estatística (Excel) com recurso a consulta de registos em processo eletrónico.
Resultados: A taxa de mortalidade da UHD foi de 2,2%, correspondendo a 4 doentes, 2 do sexo feminino, com idade média de 87,8 anos (mín. 79, máx. 93) e valor médio da escala de Barthel modificado à admissão de 8,8 (mín. 0, máx. 25). Outros 2 doentes faleceram após retorno ao internamento convencional por agravamento clínico e impossibilidade de este ser gerido no domicílio (questões clínicas ou familiares). O índice de Charlson médio à admissão era de 5 e o MEWS score de 1,2. A demora média total de internamento de 10,8 dias (mín. 5, máx. 17); sendo na UHD de 9,3 dias (mín. 2, máx. 14). Os diagnósticos principais foram: insuficiência cardíaca descompensada, Pneumonia de aspiração, Pneumonia associada aos cuidados de saúde, Linfoma não Hodgkin em progressão. Como comorbilidades mais frequentes: Insuficiência cardíaca, Fibrilhação auricular, Síndrome demencial e Doença renal crónica. Todos apresentavam risco nutricional (Nutricional Risk Screening >ou=3). A morte era esperada em todos, sendo efetuada alteração terapêutica para conforto do doente: opióide oral ou endovenoso (em perfusão num dos doentes); oxigenoterapia; butilescopolamina endovenosa, antipiréticos fixos, suspensão de antibioterapia e de medicação modificadora de prognóstico, ajuste das necessidades nutricionais. O tempo médio de reconhecimento de situação de irreversibilidade clínica até ao falecimento foi de 5,8 dias (mín. 2, máx. 9). O estado agónico foi reconhecido, em todos os casos, na visita anterior ao falecimento (<24h antes). O número médio de visitas diárias nos últimos dias de vida foi 2. Três dos doentes faleceram no período noturno (entre as 2h e as 5h da manhã) e um doente no período da tarde. Os familiares estiveram a par do prognóstico e preparados para o falecimento do doente em todos os casos. Igualmente foram sempre asseguradas as questões espirituais.
Conclusão: Os óbitos ocorridos durante o internamento na UHD foram esperados - doentes dependentes, complexos e com baixa probabilidade de sobrevida. A premissa fundamental para a gestão destes casos foi o envolvimento dos cuidadores no processo, promovendo-se a capacidade de entender os cuidados, de contactar equipa quando necessário e de lidar com a morte do familiar. Assim, consideramos que os casos vivenciados pela equipa se revestiram de sucesso no desfecho natural da vida que é a morte.