Marta Custódio, Carolina Sequeira, Madalena Silva, Tânia Strecht, Ana Paula Antunes, Anabela Marques
Mulher de 53 anos, sem antecedentes médicos conhecidos, recorreu ao Serviço de Urgência com história de dor e edema do membro inferior esquerdo, com 5 dias de evolução. Ao exame objetivo, confirmou-se exuberante edema do membro, com sinal de Homans positivo. O ecodoppler venoso mostrou uma extensa flebotrombose, desde a veia ilíaca externa esquerda até à veia popliteia e safena interna. A avaliação laboratorial apenas apresentou aumento dos d-dímeros.
Iniciou terapêutica com heparina não fracionada contudo sem melhoria do quadro, pelo que realizou tomografia computorizada (TC) abdominal e pélvica que evidenciou trombose das veias ilíacas interna e externa esquerdas (Imagem 1A) com extensão do trombo até à veia cava inferior (Imagem 1B), com compressão da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita (Imagem 2 - seta amarela: artéria ilíaca comum esquerda; seta vermelha: veia ilíaca comum esquerda), compatível com o diagnóstico de Síndrome de May-Thurner.
A doente foi submetida a trombectomia endovascular e colocação de stent, com melhoria do quadro clínico.
O Síndrome de May-Thurner caracteriza-se pela compressão da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita contra o corpo da 5ª vértebra lombar.
A sua verdadeira incidência não é conhecida, acreditando-se que está subestimada.
É mais comum em mulheres, particularmente se sob contracepção oral ou no período peri-parto.
Clinicamente pode ser assintomático ou apresentar-se com dor e edema do membro inferior. O diagnóstico é normalmente feito por angio-TC ou ressonância magnética.
Dada sua natureza mecânica, o Síndrome de May-Thurner não costuma ter boa resposta à terapêutica médica e a angioplastia com colocação de stent é habitualmente necessária.