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EPIDEMIOLOGIA E RENTABILIDADE DE EXAMES CULTURAIS NAS INFECÇÕES DO TRACTO URINÁRIO
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO202 - Resumo ID: 1113
Hospital de Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
Diogo Costa Santos, Dora Lameiras, Joana Vaz, Graça Lérias, Isabel Madruga
Introdução: As infecções do trato urinário constituem uma percentagem significativa dos diagnósticos dos doentes internados num serviço de Medicina, cujo tratamento ineficaz pode cursar com evolução desfavorável e prolongamento do tempo de internamento. O tratamento dirigido obriga ao reconhecimento dos agentes etiológicos mais frequentemente envolvidos.

Objetivo: Avaliar a rentabilidade dos exames culturais e os patógenos identificados em doentes com infeções do trato respiratório num serviço de Medicina.

Material e Métodos: Estudo retrospetivo de doentes com diagnóstico de saída de infecções do tracto urinário, internados num Serviço de Medicina entre Outubro e Dezembro de 2018, avaliando-se o número de uroculturas e hemoculturas realizadas e respectivos resultados.

Resultados: Incluídos 78 doentes com média de idades de 79,8 anos, sendo 60% mulheres (n=47), com diagnóstico de infecção do tracto urinário: 83% (n=65) com cistite aguda e os restantes (n=13) com pielonefrite aguda. Foram colhidas uroculturas em 97% dos doentes, desconhecendo-se o motivo pelo qual não foram colhidas amostras em 2 doentes. Obtiveram-se isolamentos microbacteriológicos em 68% (n=53) dos doentes com infecção do tracto urinário. Na cistite aguda foram obtidos resultados em 67% (n=43) das amostras colhidas e na pielonefrite foram obtidos resultados em 83% (n=10) das uroculturas realizadas. Identificou-se mais do que um agente etiológico numa única urocultura em 11% (n=6) das infecções do tracto urinário, sendo mais frequente na cistite aguda (n=5). Os patógenos mais frequentemente isolados foram Eschericia coli multissensível (n=20), Klebsiella pneumoniae multissensível (n=11), Eschericia coli produtora de beta-lactamases de espectro alargado (ESBL; n=5) Klebsiella pneumonia ESBL (n=4), Enterococcus faecalis (n=3) e Pseudomonas aeruginosa (n=2). Constatou-se isolamento de estirpes produtoras de beta-lactamases de espectro alargado em 18% (n=10) das uroculturas colhidas. Relativamente a hemoculturas, estas foram adquiridas em 12,8% (n=10) dos doentes com infecção do trato urinário. Os isolamentos etiológicos foram mais frequentes no doentes com pielonefrite, obtendo-se resultados em todas as amostras colhidas (n=4), enquanto na cistite aguda isolou-se agente etiológico em 17% das hemoculturas adquiridas (n=1). Os patógenos identificados em hemocultura foram Eschericia coli multissensível (n=3), Eschericia coli ESBL (n=1) e Klebsiella pneumoniae (n=1).

Conclusão: A grande percentagem de isolamentos em urocultura facilita a orientação terapêutica. Todos os doentes com pielonefrite aguda obtiveram isolamento etiológico em hemocultura, demonstrando a sua importância em infeções urinárias graves. As bactérias gram negativas persistem como patógeno mais frequentemente identificado, nomeadamente a Eschericia coli, com uma fracção significativa de patógenos produtores de beta-lactamases de espectro alargado, consequente a uma população idosa e com comorbilidades.