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SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDICO – UMA ENTIDADE RECENTE
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P094 - Resumo ID: 1114
Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
Teresa Martins Mendes, Ana Filipa Pires, Dinis Sarmento, Filipa Leal, Sofia Garcês Soares, Diana Pereira Anjos, André Paupério, Mari Mesquita
Introdução: O Síndrome Antifosfolipídico (SAF) foi descrito originalmente em doentes com Lupus eritematoso sistémico em 1952. Nos anos 90 foi, então, descrito como uma entidade individualizada, cuja etiologia ainda não está bem esclarecida. Trata-se de uma doença imunomediada que está associada a um aumento do risco de trombose vascular, aterosclerose, perda fetal e lesão neurológica. Define-se pela presença no plasma de pelo menos um tipo de auto-anticorpos (anticorpo anticoagulante lúpico, anticardiolipina e/ou antiglicoproteina beta 2) e pela ocorrência de pelo menos uma manifestação clínica (trombose vascular venosa ou arterial, morbilidade gestacional).
Caso Clínico: Descreve-se o caso de uma doente do sexo feminino, de 69 anos, com antecedentes de hipertensão arterial medicada e controlada com um IECA. Sem hábitos etílicos ou tabágicos. Recorre ao Serviço de Urgência por dor abdominal difusa, mais intensa no hipocôndrio esquerdo com 15 dias de evolução, sem fatores agravantes ou de alívio. Sem outras queixas associadas. Objetivamente, apresentava-se hemodinamicamente estável, apirética e com dor em defesa à palpação no hipocôndrio esquerdo, mas sem sinais de irritação peritoneal. Analiticamente com elevação dos parâmetros inflamatórios sistémicos e da desidrogenase lática. O estudo imagiológico revelou enfarte esplénico na vertente anterior da metade inferior do baço. Numa abordagem detalhada, em regime de internamento, a doente referia 14 gestações e 14 abortos espontâneos de fetos macroscopicamente normais no 3º trimestre de gravidez, de causa não esclarecida. Rastreios oncológicos atualizados e sem alterações. Do estudo realizado, destaca-se anticorpo antiglicoproteina beta2 IgM positivo com restante estudo sem alterações. Teve alta com o diagnóstico de enfarte esplénico em contexto de SAF provável e hipocoagulada com antagonista da vitamina K. Em consulta de reavaliação (após 12 semanas), repetiu estudo auto-imune que manteve o título de IgM positivo para o anticorpo antiglicoproteína beta 2, reunindo critérios para o diagnóstico de SAF.
Discussão: Com este caso, pretende-se enfatizar a evolução galopante do conhecimento médico e dos mecanismos auto-imunes, o que permite alterar o prognóstico e a qualidade de vida destes doentes.