Unidade de Hospitalização Domiciliária, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal.
Olga Gonçalves, Catarina Pereira, Daniela Mendes, Juliana Silva, Marta Monteiro, Miguel Moreira, Ricardo Fernandes, Rosa Ferreira
Introdução: A Hospitalização Domiciliária (HD) é uma realidade na Europa desde 1957, com a criação da sua primeira Unidade. Em Portugal, o arranque desta modalidade de internamento ocorreu em 2015. A HD viabiliza a prestação de cuidados de nível hospitalar no domicílio do doente e a aproximação do hospital à comunidade e promove a educação para a saúde. Esta tem sido também a experiência da nossa Unidade.
Objetivos: descrever e analisar a atividade assistencial de uma Unidade HD (UHD) nos primeiros dez meses de actividade.
Métodos: análise estatística (Excell) com recurso à consulta do processo eletrónico.
Resultados: entre 23.3.18 e 18.2.19, foram admitidos na UHD 183 doentes: 109 mulheres e 74 homens, com uma média de idades de 72,1 anos (mín.20 e máx. 95), com franca prevalência (58.5%) das 8ª e 9ª décadas de vida. Oriundos em 59,4% dos casos do Internamento de Medicina Interna e OBS, apresentavam à admissão Barthel 100 em 43,2% dos casos e tiveram uma demora média de internamento de 7,9 dias, poupando-se 1482 dias de internamento hospitalar convencional. A taxa média de ocupação foi de 87,7%. No acompanhamento diário foram efectuadas 2728 visitas, sendo dispendidas 644 horas e percorridos no total 37116Km. Cada visita teve uma deslocação média associada de 14,2 minutos e duração média de 29,5 minutos. Com índice de Charlson predominante de 6 (20,8%), os doentes apresentaram como 5 diagnósticos principais mais frequentes: Pneumonia adquirida na comunidade (23,0%), Pielonefrite aguda (21,3%); Celulite membros inferiores (9,8%), Insuficiência cardíaca (8,7%) e Bronquiectasias infetadas (4,9%). Registou-se necessidade de reinternamento em quatro doentes. À alta, o destino mais frequente foi a Consulta Externa em 69,4% (127 doentes), tendo a UHD desenvolvido consulta específica de seguimento. Durante o período em análise ocorreram 4 óbitos, expectáveis à partida. A realização de inquéritos de satisfação mostrou que 94,5% dos doentes recomendaria o serviço a familiares e amigos e que 97% classificaram o serviço como “Muito bom” ou “Bom”. No caso dos cuidadores os valores são, respetivamente, 96,8% e 96,0%.
Conclusões: neste grupo de doentes, heterogéneo no seu leque de idades, bem como no grau de complexidade, sempre de índole hospitalar, prevaleceram as patologias infeciosas e cardiovasculares que se revelam passíveis de tratamento seguro e eficaz no domicílio. O internamento em casa, para além de proporcionar situação mais confortável para o doente, constitui-se fator de agrado para os cuidadores e assegura condições terapêuticas equivalentes às do internamento convencional desde que cumpridos os critérios de admissão exigidos. O internista, familiarizado com as situações de polimorbilidade e com o trabalho multi e interdisciplinar é, por excelência, o especialista melhor habilitado para proceder a essa admissão, seguir o doente e promover a ligação ao Médico e Enfermeiro de família, num diálogo crescente e profícuo.