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SACUBITRIL/VALSARTAN –NOVA ESPERANÇA PARA UMA DOENÇA FATAL
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO216 - Resumo ID: 1129
Hospital do Litoral Alentejano
Josiana Duarte, Tiago Fiúza, David Campoamor, Paula Pestana, Henrique Rita, José Sousa e Costa
A descoberta e a introdução do inibidor da neprilisina no tratamento da insuficiência cardíaca crónica com fração de ejeção reduzida (HFrEF) constituem um marco notável no tratamento dos doentes com esta patologia. O composto sacubitril/valsartan é o primeiro da classe a demonstrar redução na mortalidade e morbilidade dos doentes com HFrEF como demonstrado no estudo PARADIGM-HF.
Apresenta-se um estudo retrospetivo em que foram analisados os doentes internados num hospital no ano de 2018 (incluindo enfermaria de medicina, serviço de urgência, unidade de cuidados intermédios e unidade de cuidados intensivos) que estivessem sob tratamento com sacubitril/valsartan. Obtivemos uma amostra de 17 doentes, 13 do sexo masculino, 4 do sexo feminino; a média de idades era de 66 anos (mínimo 36 e máximo 85). Relativamente à etiologia, 10 doentes apresentavam miocardiopatia dilatada, 4 cardiopatia isquémica, 1 cardiopatia isquémica e hipertensiva e 2 cardiopatia hipertensiva. 13 doentes encontravam-se na classe funcional II e 4 na classe III da NYHA (New York Heart Association) à data de início do fármaco. Em 11 doentes houve melhoria sintomática ao fim de 12 semanas, manutenção da mesma classe em 6 doentes e em nenhum se verificou agravamento sintomático. Todos os apresentavam fração de ejeção inicial (Fej) menor ou igual 35%. A Fej média medida por ecocardiograma era de 26% (mínima 11.5% e máxima 35%). Em apenas 2 doentes foi possível avaliar a Fej 12 semanas após início do fármaco (num deles houve melhoria da Fej de 35 para 46,1% e no outro de 26 para 28%). Em termos de mortalidade, 1 dos 17 doentes faleceu ao final de 1 ano sob terapêutica com o fármaco. 6 doentes tiveram internamentos por descompensação da insuficiência cardíaca. Quanto a efeitos secundários houve 1 doente diagnosticado com angioedema, 2 com agravamento nos índices renais, 1 com hipercaliémia e 1 com hipotensão. O fármaco iniciado na consulta externa em 4 doentes, no S. Cardiologia em 1 e no S. Medicina em 12. 6 doentes tinham devices implantados. Em termos de comorbilidades: 9 tinham Diabetes, 7 doença arterial coronária, 6 anemia, 2 doença pulmonar obstrutiva crónica, 5 fumadores, 8 doença renal crónica, 6 doença valvular cardíaca, 13 hipertensão arterial, 11 dislipidémia e 7 fibrilação auricular.
As variáveis classe sintomática da NYHA antes do início do fármaco e 12 semanas após, por não seguirem distribuição normal, foram analisadas com estatística não paramétrica: teste de Levene para avaliar a homogeneidade da variância e Mann Whitney para testar a hipótese. Concluiu-se que existe uma diferença estatisticamente significativa (p= 0.002) nas classes funcionais antes e após início do fármaco, correspondendo a melhoria sintomática significativa.
Como desafio futuro seria interessante prolongar o estudo no tempo para avaliar a Fej às 12 e às 36 semanas após início do fármaco e a possível redução da mortalidade, internamentos por descompensação e necessidade de ajuste da medicação.