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UM CASO DE GASTRITE ATRÓFICA CRÓNICA AUTOIMUNE
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P032 - Resumo ID: 1131
Hospital de Cascais
Filipa Taborda, Maria João Lobão
A gastrite atrófica crónica autoimune (CAAG) ou metaplasia gástrica autoimune (AMAG) é uma doença autoimune específica de órgão que afecta o corpo e o fundo da mucosa gástrica. Caracteriza-se por um processo inflamatório crónico que leva à destruição das células das glândulas oxínticas com progressiva atrofia e substituição por epitélio do tipo intestinal. A anemia, resultante da deficiente absorção de ferro e vitamina B12, é frequentemente a principal manifestação clínica. Existe uma associação importante com outras doenças autoimunes e neoplasias gástricas que vêm a ocorrer em 10% dos doentes. Os autores apresentam um caso de uma mulher de 33 anos, referenciada a consulta de Medicina Interna, por aftas orais. Na história pessoal e familiar, não se apuraram antecedente de relevo. Descrevia aftas recorrentes desde a idade adulta, múltiplas e de grandes dimensões, de localização variável nos bordos da língua, mucosa jugal e gengival, dolorosas e eritematosas. Negava febre, alterações cutâneas ou dores articulares acompanhantes. Na primeira observação apresentava apenas discreta erosão da ponta da língua. No estudo analítico alargado inicial apenas com identificação de anticorpos antinucleares positivos, num título de 1/160, padrão fino granular. Na reavaliação a 6 meses, apresentou discreta anemia normo/microcítica (Hemoglobina 11.9g/dL, volume globular médio 78fL) de novo cujo estudo etiológico revelou déficit de ferro e de vitamina B12 com anticorpos anti-célula parietal positivos. No estudo endoscópico realizado, das biópsias efectuadas da região do fundo gástrico, resulta a evidência de lesões de gastrite crónica moderada com actividade, atrofia ligeira e metaplasia intestinal entre 10-35% das amostras mas sem displasia. O estudo imunológico pedido foi negativo. Foi encaminhada para consulta de Gastroenterologia para vigilância endoscópica, mantendo o seguimento em consulta de Medicina Interna. Nos doentes mais jovens, a anemia ferropénica pode preceder a apresentação típica da anemia perniciosa caracterizada por macrocitose. A pertinência da endoscopia digestiva alta nestes doentes prende-se não só com o facto de excluir perdas hemáticas, fundamental na marcha diagnóstica de uma anemia com défice de ferro, mas também identificar precocemente a entidade de CAAG revista pelos autores no presente caso. A sua identificação permite excluir outras doenças autoimunes, comummente associadas, e é considerada uma condição pré-cancerígena que deve motivar um programa de follow-up que, apesar de ainda mal definido, se pretende apertado. Os autores ressalvam a importância de uma equipa multidisciplinar na gestão destes doentes.