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MALÁRIA IMPORTADA: COORTE RETROSPECTIVA NUM HOSPITAL TERCIÁRIO PORTUGUÊS (2013-2018)
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO095 - Resumo ID: 1133
Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca
Carlos Pinhão Ramalheira, Ana Gonçalves, Rúdi Fernandes, Sara Almeida, Rita Dutschmann, João Machado
Introdução: A malária é uma protozoonose causada por Plasmodium species importada de regiões endémicas. Deste modo, os fluxos migratórios contribuem para a frequência desta patologia no nosso país, pelo que é particularmente frequente em hospitais com uma população de referência constituída por muitos portugueses originários das ex-colónias ou com muitos migrantes, como é o caso do hospital em análise. O estudo destas dinâmicas é essencial uma vez que o tratamento é orientado pela gravidade clínica, espécie de plasmodium e epidemiologia da região de origem.

Objetivo: Este estudo visa descrever as características demográficas, bem como espécie de parasita, clínica, opções de tratamento e frequência de recorrências dos casos de malária num hospital terciário português.
Material e Métodos: Coligidos retrospectivamente registos clínicos de todos os casos que apresentavam clínica sugestiva de malária com confirmação laboratorial de infecção em adultos (>18 anos) num hospital terciário português de 2013 a 2018. Foram consideradas as variáveis: sexo, idade, país de origem, espécie de plasmódium e parasitémia, data do episódio, internamento, morte intrahospitalar.

Resultados: Apurámos um total de 224 doentes com diagnóstico de malária, na sua maioria homens (n=148; 66%) com uma idade mediana ao diagnóstico de 41 anos de idade (mín. 18; máx. 77). O país de origem mais frequênte foi Angola (n=85; 38%) seguida pela Guiné Bissau (n=52;23%). Apenas 8 casos foram provenientes de outros continentes que não o Africano. A manifestação clínca mais frequente foi a febre (100%), seguida de arrepios/calafrios (n=185; 83%), vómitos (n=27; 12%) e esplenomegalia descrita (n=51; 23%). A espécie mais frequente foi o plasmodium falciparum isoladamente (n=202; 90,2%), seguida de não-falciparum (n=8; 3%), infecção mista (n=8; 3%) e indeterminada (n=6). A maioria (n=195) dos doentes apresentava parasitémia baixa (<5%) e uma minoria (n=13) parasitémia muito elevada (>10%). Estes doentes motivaram 390 episódios, dos quais 58 cursaram com internamento, 14 em unidade de cuidados intermédios/intensivos. Regista-se apenas uma morte intra-hospitalar por malária cerebral. A maioria dos doente foi medicada com quinino e os restantes com derivados da artemisina.

Conclusões: A suspeita de malária deve ser evocada perante febre num doente proveniente de regiões endémicas. Nesta série apurámos que a maioria dos casos foi diagnosticada em homens provenientes de regiões de África subsariana, particularmente de Angola e da Guiné Bissau. O Plasmodium falciparum foi a espécie mais frequentemente identificada, geralmente com parasitémias baixas. Apesar de actualmente as taxas de resistência a quinino nestas regiões ser elevada, uma proporção significativa de doentes foi medicada com quinino com sucesso.