A espondilodiscite é uma infeção rara da coluna vertebral. Pode ser de causa piogénica, sendo o agente etiológico mais frequente o Staphylococcus aureus, ou granulomatosa, sobretudo pelo Mycobacterium tuberculosis (MT). É uma causa rara de lombalgia, sendo a localização mais frequente a coluna lombar. O diagnóstico é difícil, e o seu atraso pode acometer lesões irreversíveis.
Mulher de 47 anos, previamente saudável, com dor lombar e irradiação para o membro inferior direito, com 3 meses de evolução e limitação funcional dos membros inferiores progressivamente maior. Foi realizada uma tomografia computorizada lombar que evidenciou uma lesão expansiva peri raquidiana envolvendo a coluna lombar com efeito de massa. Para melhor caracterização realizou-se ressonância magnética da coluna que revelou um volumoso tuberculoma do músculo psoas major direito, tuberculomas menores no músculo psoas major esquerdo e invasão multifocal dos corpos vertebrais, com compressão circunferencial do canal raquidiano ao nível de L5. Foi realizada biópsia peri raquidiana, com pesquisa de MT positiva e granulomatose necrotizante com células gigantes do tipo Langerhans, consistente com etiologia tuberculosa. Perante o diagnóstico de espondilodiscite tuberculosa, iniciou terapêutica antituberculosa quádrupla. Não foi documentada causa de imunossupressão. Atualmente encontra-se com 6 meses de tratamento, a aguardar decisão para eventual drenagem cirúrgica.
Este caso demonstra que apesar de a espondilodiscite ser uma doença rara, é fundamental considerá-la perante um doente com lombalgia ou dorsalgia. O MT não deve ser esquecido como possível agente causador, sobretudo em locais de elevada incidência. É, portanto, um diagnóstico baseado no elevado nível de suspeição e em que o atraso no diagnóstico e terapêutica adequada levam ao aumento da morbi-mortalidade.
Salienta-se ainda este caso pelas imagens que demonstram uma lesão extensa de um agente raro numa população imunocompetente.