Serviço Medicina 1 , Hospital Santa Maria, CHLN, EPE
O termo pustulose exantemática generalizada aguda (PEGA) foi proposto pela primeira vez em 1980. Até então era considerada uma variante de psoríase. O quadro clínico é caracterizado pelo surgimento abrupto de eritema e edema em áreas intertriginosas ou face, com disseminação cranio-caudal e aparecimento de centenas de pústulas pequenas e não foliculares. As manifestações cutâneas são acompanhadas de febre superior a 38ºC, prurido e neutrofilia. A média de duração das pústulas é de nove dias (entre 4-14 dias), seguindo-se a resolução espontânea com a suspensão da medicação e descamação. É possível ocorrer polimorfismo das lesões, podendo-se observar lesões tipo eritema multiforme, lesões purpúricas e de vasculite leucocitoclástica. As causas mais comuns da AGEP são as reacções às infecções agudas (enterovírus), a fármacos e ao mercúrio. Cerca de 90% dos casos são provocados por medicamentos e destacam-se os antibióticos (macrólídos e beta-lactâmicos), antifúngicos, bloqueadores dos canais de cálcio, carbamazepina, paracetamol e antimaláricos. Deve fazer-se diagnóstico diferencial com patologias infecciosas com expressão cutânea semelhante.
Apresenta-se o caso de um doente admitido por febre, eritema cutâneo e múltiplas pústulas pequenas e não foliculares, após medicação com ácido fucídico oral por otite diagnosticada em centro de saúde. Foram realizadas culturas e iniciou corticoterapia tópica e endovenosa com óptima resposta clínica.
O prognóstico da PEGA é bom como no caso descrito, deve suspender-se de imediato a medicação suspeita, e realizar eventual corticoterapia tópica e sistémica. A história clínica é fundamental e antibióticos só devem ser usados quando o diagnóstico de infecção está bem documentado.