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MUITO MAIS QUE UM DERRAME PLEURAL
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P724 - Resumo ID: 1146
Serviço de Medicina I, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Inês Goulart, Inês Nogueira da Fonseca, Ana Teresa Pina, Tiago Petrucci, Laura Pereira, Manuel Ferreira Gomes, Paulo Cantiga Duarte, José Luís Ducla Soares
O mesotelioma pleural papilar é uma entidade patológica diferente do mesotelioma pleural maligno, mais raro e sem aparente relação com a exposição a amianto. Difere do mesotelioma mais comum pela sua natureza histológica, afectando as células epiteliais, e pela baixa incidência de metastização, conferindo ao doente um melhor prognóstico.
Os autores apresentam o caso de um homem de 61 anos, sem antecedentes relevantes para além de um tabagismo activo (40 UMA), que recorreu ao SU por quadro de dispneia e dor tipo pleurítica à direita, acompanhado de febre vespertina e sudorese profusa de predomínio noturno, com 3 dias de evolução. Da avaliação inicial, a destacar, elevação dos parâmetros inflamatórios (leucócitos 20.790/mcL e PCR 19,6mg/dL), insuficiência respiratória parcial com hipocápnia e radiografia de tórax com evidência de derrame pleural no 1/3 inferior do hemitórax direito.
Realizou TC tórax com evidência de espessamento nodular sólido com 1.5cm na pleura parietal direita e que confirmou derrame pleural. Foi submetido a toracocentese diagnóstica e terapêutica com saída de 1500mL de líquido pleural sero-hemático, com características de exsudado, e cujo exame citológico destacou predomínio de células CD3+, sem evidência inequívoca de células malignas. Cumpriu ainda, no início do internamento, 7 dias de antibioterapia com levofloxacina, por elevação sustida dos parâmetros inflamatórios, e para cobertura de uma eventual infecção respiratória da comunidade. O restante estudo (pesquisa micobactérias, IGRA, serologia VIH e exames culturais) foi negativo. Por recidiva precoce e sistemática do derrame, realizou no prazo de uma semana e meia, quatro toracocenteses (sempre com drenagem >1500mL). Realizou, ainda, biópsia pleural cega, inconclusiva para hiperplasia mesotelial reactiva vs mesotelioma maligno. Finalmente, realizou biópsia de múltiplas aderências pleuro-pulmonares e nodularidades da pleura parietal por toracoscopia, com evidência de mesotelioma papilar pleural. O doente manteve a estabilidade clínica, sendo posteriormente transferido para o Serviço de Pneumologia II. Por mesotelioma papilar pleural estádio III, e após discussão com Cirurgia Cardiotorácica, iniciada quimioterapia com pemetrexed+carboplatino, completando 3 ciclos entre Novembro/2018 e Janeiro/2019. Mantém seguimento em Consulta, aguardando re-estadiamento da doença.
O caso realça que a abordagem diagnóstica do derrame pleural pode não ser frequentemente linear, destacando também um caso raro de um mesotelioma.