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MENINGITE COM PONTO PARTIDA EM FÍSTULA DE LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR)
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P544 - Resumo ID: 1155
Hospital Santa Maria Maior - Barcelos
Francisca M. Pereira, Joana Braga, Márcia Ribeiro, Pilar Barbeito, Carlos Oliveira
As meningites são processos infecciosos e/ou inflamatórios agudos, que acometem por continguidade ou via hematogénica, as meninges e o espaço subaracnoideo. Associam-se a morbi-mortalidade significativa. A sua gravidade clínica indica a importância de seu reconhecimento precoce
Mulher, 65 anos, sem antecedentes pessoais conhecidos e sem medicação habitual. Recorreu ao SU por quadro de alteração estado consciência, encontrada no domicilio pouco reativa, com perda continência esfíncteres e vómito alimentar. Referência a quadro gripal com febre e mialgias com 3 dias evolução. Sem história de traumatismo.
Ao exame objetivo, Escala Coma Glasgow 11, hemodinamicamente estável, febril. Exame neurológico sumário com rigidez da nuca, sem outros sinais meníngeos ou défices neurológicos focais.
TC cerebral com sinais de pansinusite, sem outros achados. Efetuada punção lombar (PL) com saída de líquido de aspeto turvo, hiperproteinorraquia, hipoglicorraquia, 424 células com predomínio de polimorfonucleados. Iniciado empiricamente ceftriaxone, aciclovir e ampicilina e internada no serviço de Medicina por Meningite bacteriana provável. Realizada TC seios perinasais a revelar sinais infeciosos de todos os seios perinasais, de predomínio esfenoido-etmoidal posterior, com solução de continuidade da base do andar anterior com comunicação entre as cavidades sinusais e compartimento endocraneano. Observada por ORL sem alterações na otoscopia e nasofibrolaringoscopia.
Do restante estudo efetuado, LCR estéril, pesquisa de antigénios capsulares negativos. Hemoculturas negativas. Marcadores víricos negativos. Em dia 13 de antibioterapia empírica, com febre persistente e agravamento dos parâmetros inflamatórios, pelo que foi associada vancomicina. Realizou RM seios perinasais que confirma achados na TC, a sugerir mucocelo/menigocelo do seio esfenoidal esquerdo.
Por evolução clínica desfavorável com febre persistente e rinorráquia, foi transferida para correcção cirúrgica de meningocelo e fístula de LCR. Re-internamento no serviço ORL por rinorráquia, tendo realizado cirurgia endoscópica nasossinusal (CENS) com revisão de encerrameto endoscopico de fistula de LCR.
A fístula de LCR advém de uma disrupção das barreiras anatómicas que separam o espaço subaracnoideu da mucosa das fossas nasais ou dos seios perinasais. Na clínica, predomina a rinorreia aquosa, geralmente unilateral e não controlável, por vezes associada a massa intranasal, cefaleia e, mais raramente, a episódios recorrentes de meningite.
Estão descritas intercorrências no pós-operatório imediato, no presente caso com rinorraquia a motivar re-internamento.
Assumida fístula de LCR idiopática como causa de meningite.