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UM CASO DIFERENTE DE TORACALGIA
Doenças hematológicas - E-Poster
Congresso ID: P375 - Resumo ID: 1164
Serviço de Medicina I, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Inês Goulart, Inês Nogueira da Fonseca, Ana Teresa Pina, Tiago Petrucci, Laura Pereira, Manuel Ferreira Gomes, Paulo Cantiga Duarte, José Luís Ducla Soares
As discrasias plasmocitárias são uma entidade caracterizada por proliferação de plasmócitos, tipicamente com componente monoclonal. Podem se apresentar por múltiplas lesões (mieloma múltiplo) ou lesão solitária (plasmocitoma).
Os autores apresentam o caso de um homem de 59 anos, destacando-se dos antecedentes cardiopatia isquémica com necessidade de angioplastia com colocação de stents em 2015, encaminhado do médico assistente ao hospital da aérea de residência por quadro de dor torácica anterior com 2 meses de evolução, sem irradiação, tipo aperto, contínua, intensidade 7/10, sem fatores de alívio ou agravamento e refratária à terapêutica analgésica. Pela hipótese de angor instável, efectuada marcha diagnóstica (com marcadores de necrose miocárdica, ECG, ecocardiograma TT e coronariografia) inconclusiva, acabado o doente por ter alta. Pela persistência da dor, recorreu a consulta de Medicina Geral e Familiar tendo sido solicitada TC tórax que evidenciou lesões líticas expansivas do esterno, de vários arcos costais e sobretudo dos últimos corpos vertebrais que atingem as lâminas, coexistindo massa de partes moles no mediastino posterior envolvendo os últimos corpos vertebrais. Admitindo-se um provável mieloma, é enviado a consulta de Medicina Interna num Hospital Central, onde, da avaliação laboratorial, se destacou elevação da VS (120mm), doença renal crónica KDIGO 2, elevação da B2-microglobulina (5,15mg/L), eletroforese de proteínas com evidência de pico gama monoclonal 2,2g/dL com presença de componente monoclonal IgG lambda, imunofixação urinária com presença de Bence Jones Lambda e proteinuria 24h de 340,5mg/24h. Realizado ainda rx do esqueleto com evidência de lesões líticas cranianas compatíveis com imagem em ´sal e pimenta´, lesões líticas do esterno, arcos costais, coluna vertebral e fémures. Realizou mielograma que confirmou a hipótese de mieloma múltiplo IgG com Bence Jones Lambda ISS II e TC torácica documentando lesões líticas do esterno, arcos costais, últimas vertebras dorsais, com plasmocitoma exofítico que ocupa o mediastino posterior. O doente teve alta a aguardar restante estudo, no entanto cerca de 15 dias depois foi reinternado por quadro de paraparésia de agravamento progressivo, mas mais acentuado após realização de biópsia percutânea de lesão osteolítica sagrada guiada por TC dois dias antes. Pela hipótese de eventual plasmocitoma com compressão medular, por lesões em D9 e D12, foi iniciada corticoterapia de elevada intensidade e radioterapia, sendo o doente posteriormente transferido para o Serviço de Hematologia. Resultado da biópsia compatível com plasmocitoma, mantendo seguimento em Hospital de Dia de Hematologia, tendo cumprido terapêutica com Lenalidomide+Bortezomib+Dexametosona (RVD).
O caso pretende relatar um caso menos frequente e com apresentação atípica de discrasia plasmocitária, um mieloma múltiplo com concomitante diagnóstico de plasmocitoma, cujo principal sintoma presente foi apenas uma toracalgia.