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TRÊS ANOS DE CONSULTA ESPECIALIZADA EM TROMBOEMBOLISMO PULMONAR – QUE POPULAÇÃO?
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO168 - Resumo ID: 1166
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Andreia Freitas, Nuno Leal, José Almeida, Marta Sousa
Introdução: O Tromboembolismo Pulmonar (TEP) é uma causa major de morbimortalidade e hospitalização. É considerado provocado na presença de fatores de risco reversíveis (ex. trauma, cancro, cirurgia) e não-provocado na ausência destes mesmos fatores. A hipocoagulação é o tratamento standard. As decisões em seu torno podem, no entanto, constituir um desafio: para cada doente, o risco trombótico é superior ao hemorrágico? E, se sim, por quanto tempo deve um doente ficar hipocoagulado? Uma consulta hospitalar especializada é crucial no seguimento destes doentes.
Objetivo: Caracterizar a população seguida na consulta de Medicina Interna - TEP.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu os pacientes observados em consulta de Medicina Interna – TEP de 01/10/2014 a 31/07/2017 com ≥ 18 anos e Angiotomografia (Angio-TC) ou Cintigrafia de Ventilação/Perfusão (V/Q) ≥ 3 meses após diagnóstico. Os dados foram recolhidos a partir do processo eletrónico dos doentes e analisados usando o software IBM SPSS Statistics 25.
Resultados: Foram incluídos 148 indivíduos, a maioria do sexo feminino (n=97, 65.5%). A idade média foi 61 anos e a mediana 65 anos (18 a 88 anos). O fator de risco mais comum foi a obesidade (n=81, 54.7%), seguido da imobilização prolongada (n=47, 31.8%) e do tabagismo (n=26, 17.6%). Viagem de avião foi o fator de risco menos comum (n= 4, 2.7%). Cerca de 30% dos TEP foram classificados como de risco intermédio-alto (n=46, 31.1%), risco intermédio-baixo (n=44, 29.7%) e risco baixo (n=44, 29.7%); apenas 14 (9.5%) casos foram classificados como de alto risco. Foi realizada trombólise em 24 (16.2%) indivíduos e trombectomia em 5 (3.4%). A maioria dos doentes foi inicialmente anticoagulada com anticoagulante oral direto (DOAC) (n=85, 57.4%). Dos 63 (42.6%) inicialmente anticoagulados com antagonistas da vitamina K (AVK), 6 (42.6%) fizeram switch para DOAC. O Apixabano foi o preferencial (n=14, 61.5%). 6 meses após o início da hipocoagulação, a principal queixa apresentada pelos doentes foi dispneia (n=33, 22.4%). Foi reportada hemorragia major em apenas 4 (2.7%) casos. Observou-se doença residual aos 6 meses no Angio-TC em 15 (10.1%) e na Cintigrafia de V/Q em 48 (32.4%) casos. No período do estudo, 10 (6.8%) doentes tiveram novo evento tromboembólico.
Conclusão: O TEP ocorre mais nos mais velhos e resulta da interação entre fatores de risco permanentes e reversíveis. Na população estudada e na literatura, aproximadamente 1/3 dos TEP é de baixo risco. Apesar de considerados gold-standard da hipocoagulação oral, os AVK começam agora a dar lugar aos DOAC – de eficácia não inferior e possivelmente mais seguros. Na população estudada, todas as trombectomias foram realizadas em TEP de alto risco e a trombólise maioritariamente em TEP de alto e intermédio-alto risco, enfatizando a gravidade destes doentes e a necessidade de uma vigilância clínica e analítica apertadas e regulares, possíveis em consulta externa especializada.