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PREVALÊNCIA DE PLURIPATOLOGIA NUMA UNIDADE DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO009 - Resumo ID: 115
Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/ Vila do Conde
Marta Marques, Helena Gonçalves, Joana Calvão, Ramon Bover, Josebe Goirigolzarri, Manuel Mendez
Introdução: A pluripatologia é um problema frequente, apesar de não existir definição universalmente aceite. Atualmente consideram-se pacientes pluripatológicos (PP) aqueles que apresentam de forma simultânea várias doenças crónicas, com recorrências frequentes, que influenciam negativamente a sua situação funcional, tornando-os hiperfrequentadores dos cuidados de saúde. Objetivo: Determinar a prevalência de pluripatologia numa Unidade de Insuficiência Cardíaca (UIC), definir as características destes pacientes e estratificação prognóstica com recurso aos scores PROFUND e Seattle. Material e métodos: Estudo prospetivo observacional, com entrevista presencial estruturada de pacientes observados na consulta de Insuficiência Cardíaca (IC) de uma UIC, por um período de 6 semanas. A recolha de dados foi realizada presencialmente pelos autores e com recurso à história clínica eletrónica. Foram recolhidas variáveis demográficas, clínicas, analíticas, funcionais e sociofamiliares. Avaliados scores de comorbilidades como Charlson e de estimativa de mortalidade como PROFUND e Seattle. A análise dos resultados foi realizada com o programa SPSS e definido p value <0,05. Resultados: A amostra incluiu 246 pacientes, com idade média de 75±11,9 anos, dos quais 104 (42,3%) eram do sexo feminino; 118 (48%) eram pluripatológicos, com score de Charlson de 7,9±3,8 e PROFUND 3,4±3,7. Das categorias definidoras de pluripatologia de PROFUND, a mais prevalente foi a categoria A - patologia cardiovascular (118, 100%), seguida da categoria B – patologia renal (82, 69,5%) e da categoria C – patologia pulmonar (31, 26,3%). Na análise comparativa, verificou-se que os PP eram mais idosos (77 vs. 73 anos, p = 0,001), mais frágeis e apresentavam maior limitação funcional (Barthel: 84,7 vs. 96,1, p <0,001). Apresentavam, ainda, maior prevalência de HTA, diabetes e dislipidemia e maior prevalência das doenças crónicas recolhidas. Verificou-se ainda um maior número de internamentos por IC nestes doentes (14,4 vs. 4,7, p = 0,015), sendo a cardiopatia isquémica a etiologia mais frequente responsável pela IC. Os PP foram mais sintomáticos, com classes NHYA III-IV (4,2 vs. 0,8, p <0,001), valores mais elevados de NT-proBNP (2985 vs. 1780, p = 0,013) e menor fração de ejeção (45, 7 vs. 47,5, p = 0,31). A classe farmacológica mais utilizada foi os betabloqueadores (75,6%). Na análise prognóstica observou-se uma concordância na estimativa de mortalidade entre o score PROFUND e Seattle, com scores mais elevados nos PP. Conclusões: Este estudo demonstra a alta prevalência de PP nas UIC, refletindo a necessidade de cuidados multidisciplinares. Os PP definem um grupo com elevada fragilidade, dependência funcional e associação de múltiplas comorbidades, obrigando a uma abordagem holística com estratégias no controlo do risco cardiovascular e doenças crónicas associadas. O score PROFUND é uma ferramenta útil na orientação de decisões clínicas e planeamento terapêutico do PP.