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HIPOTRANSPARÊNCIA EM RADIOGRAFIA TORÁCICA
Doenças oncológicas - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG163 - Resumo ID: 1176
Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE
João Luís Cavaco, Frederico de Amaral Trigueiros, Joana de Paiva Simões, Ana Oliveira Pedro, João Meneses Santos, Rui Victorino
Um homem de 19 anos, sem antecedentes pessoais relevantes, sem queixas até Outubro de 2018, inicia quadro de tosse não produtiva com posterior episódio de hemoptise. Não tem febre e não tem contexto epidemiológico de relevo. Não tem alterações esteto-acústicas à auscultação cardiopulmonar. Laboratorialmente, sem alterações do hemograma, sem aumento de parâmetros inflamatórios e com pesquisa de BK na expectoração negativa. Na radiografia de tórax póstero-anterior, apresenta hipotransparência circular situada ao nível do botão aórtico. Na incidência de perfil, apresenta hipotransparência circular em topografia peribrônquica, sem sinais semiológicos claros que permitam distinguir localização mediastínica ou intra-parenquimatosa pulmonar. TC torácica revela lesão endobrônquica preenchendo grande parte do lúmen do brônquio lobar inferior esquerda, com importante crescimento transbrônquico, com diâmetro de 5.5cm e compressão de aorta torácica descendente e do ramo interlobar inferior da artéria pulmonar esquerda, sem critérios de invasão. A biopsia da lesão pulmonar mostrou infiltração por tecido de neoplasia maligna bifásica, sugestivo de blastoma pulmonar. O blastoma pulmonar é um tumor raro, correspondendo a 0.5% das neoplasias malignas pulmonares primárias, com cerca de 300 casos descritos na literatura. Apresenta estroma epitelial e mesenquimatoso, por vezes com áreas necro-hemorrágicas presentes. É geralmente diagnosticado entre os 35-55 anos, sendo detectado como ´incidentaloma´ em métodos de imagem. É assintomático em 40´% dos casos. Os sinais e sintomas mais frequentes são tosse, hemoptise, dispneia, febre e astenia; pneumotórax espontâneo é raro. É unilateral em 95% dos casos. Ocorre crescimento endobrônquico em 25% dos casos. Em 40% dos doentes, metastiza para mediastino, pleura, fígado, cérebro e gónadas. O prognóstico é reservado: a mortalidade aos 2 anos de diagnóstico é de 60%, aos 5 anos de 16% e aos 10 anos de 8%. O tratamento preferencial é cirúrgico.