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UM PASSADO NA LUSALITE
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P770 - Resumo ID: 1177
Serviço de Medicina I, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Inês Goulart, Inês Nogueira da Fonseca, Ana Teresa Pina, Tiago Petrucci, Laura Pereira, Manuel Ferreira Gomes, Paulo Cantiga Duarte, José Luís Ducla Soares
O mesotelioma é um tipo de neoplasia do mesotélio, cuja localização mais frequente é a pleura. A maior parte dos casos está relacionada com exposição pregressa a asbestos, ocorrendo com maior frequência após os 50 anos de idade, afetando mais os homens e apresentando-se como derrame pleural em cerca de 80% dos casos.
Os autores apresentam o caso de um homem de 86 anos, que viveu e foi ex-trabalhador da Lusalite (fábrica de amianto), com antecedentes de internamento no mês anterior por derrame pleural esquerdo com características de exsudado e insuficiência respiratória parcial. Na altura, submetido a toracocentese (saída de 1.6L) com alívio sintomático e cujos resultados bacteriológico e Ziehl-Neelsen foram negativos, e o anatomopatológico sem evidência de células neoplásicas. Realizou ainda TC corpo, que destacou ligeiro espessamento pleural bilateral, mais marcado à esquerda, difuso e irregular, e com múltiplas calcificações bilaterais, volumoso derrame pleural à esquerda, com insinuação na cissura com atelectasia parcial do lobo inferior esquerdo e pequenos nódulos apicais à direita, sem adenopatias patológicas. Teve alta encaminhado para consulta de Pneumologia. Recorreu ao SU 1 mês depois por quadro de dispneia para pequenos esforços e ortopneia, com 1 semana de evolução e de agravamento progressivo, anorexia e perda ponderal de 4Kg em cerca de 1 mês. Sem quadro de insuficiência respiratória e sem elevação dos parâmetros inflamatórios. Radiografia de tórax com nova evidência de derrame pleural nos 2/3 inferiores do hemitórax esquerdo, submetido a toracocentese diagnóstica e evacuadora (saída 1.5L compatível com exsudado) cujo resultado anatomopatológico do líquido foi positivo para células neoplásicas e a biópsia pleural compatível com mesotelioma maligno epitelioide. O doente teve posteriormente alta orientado para a consulta de Pneumologia Oncológica, sendo que em reunião multidisciplinar foi decidido iniciar quimioterapia por ausência de condições clinicas para intervenção cirúrgica. Após efetuados 5 ciclos de pemetrexed e carboplatina com melhoria imagiológica do mesotelioma, no entanto o doente veio posteriormente a falecer em contexto de colite isquémica.
O caso realça a importância de uma marcha de diagnóstico adequada em casos de derrame pleurais recidivantes. A história de exposição a amianto pode, muitas vezes. não ser facilmente identificada, havendo frequentemente intervalos de 20 a 40 anos entre a exposição e o aparecimento da doença. Nestes casos o prognóstico acaba por ser desfavorável e o tratamento apenas sintomático, podendo-se optar por pleurodese, quimioterapia ou radioterapia.