Sofia Perdigão, Ana Morais Alves, Cristiana Sousa, Rita Gamboa Cunha, Paula Vaz Marques, Olívia Cardoso
Doente do sexo feminino de 89 anos, dependente, institucionalizada. Como antecedentes pessoais de referir síndrome demencial e dislipidémia. Recorreu ao serviço de urgências (SU) a 12 Março de 2016 por recusa alimentar e gemido constante com 4 dias de evolução. A familiar que acompanhava a doente referiu ainda diminuição do débito urinário. Ao exame objectivo a doente encontrava-se prostrada, pálida, desidratada, restante exame objectivo sem alterações. Neste contexto a doente foi algaliada no SU, onde se constatou resistência à passagem da mesma, pelo que foi pedida uma tomografia axial computarizada (TAC) abdominal e pélvica. Constatou-se “...Rins na topografia habitual com normal espessura do parênquima, assinalando-se alguns quistos corticais, o maior no pólo inferior do rim esquerdo com 5 cm. Dilatação dos bacinetes de ambos os rins até à bexiga em paciente com marcada dilatação do quadro cólico, verificando-se exuberante fecaloma.” Foi assim internada com o diagnóstico de lesão renal aguda de etiologia pós-renal obstrutiva, no contexto de um fecaloma de grandes dimensões que comprimia extrínsecamente a bexiga, causando dilatação retrograda do trato urinário. Em internamento após remoção do fecaloma e recurso a fluidoterapia, a doente apresentou resolução do quadro de entrada, com normalização da função renal, sem outras intercorrências. Pretendemos com este caso alertar para uma situação relativamente frequente e por vezes banalizada, que são os fecalomas, e para as consequências graves que estes podem originar. Devemos por isso estar particularmente alerta para a presença dos mesmos, visto ser uma situação potencialmente evitável e reversível.