23

24

25

26
 
AUDITORIA À PRESCRIÇÃO DE ANTIMICROBIANOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA
Doenças infeciosas e parasitárias - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO051 - Resumo ID: 1197
Centro Hospitalar Universitário do Porto – Hospital de Santo António
Marli Ferreira, Penélope Aguiar Almeida, Inês Henriques Ferreira, Ernestina Reis, João Araújo Correia
Introdução: A emergência e propagação de resistência aos antimicrobianos é um problema crescente, gerando maior morbimortalidade, com custos acrescidos. É imperativo uma prescrição responsável de antimicrobianos.

Objectivos: Determinar a taxa de colheita de produtos biológicos e respectivos isolamentos de acordo com a origem e foco da infecção.

Material e Métodos: Auditoria realizada durante 10 semanas, incluindo os doentes internados em duas unidades do Serviço de Medicina Interna de um Centro Hospitalar Universitário. Apuraram-se: dados demográficos, índices de Karnofsky e Charlson, diagnóstico de infeção, colheita de produtos biológicos para estudo microbiológico e antibioterapia realizada. As infeções foram classificadas conforme o foco e a tipologia: adquiridas na comunidade, associadas aos cuidados de saúde (IACS) individualizando-se de entre estas as infeções nosocomiais.

Resultados: Avaliaram-se 204 episódios de internamento, de 199 doentes. Verificou-se proporção M:F = 1:1, média de idade de 75 anos, Karnofsky mediano de 60 pontos e índice de Charlson médio de 6 pontos. Contaram-se 273 infeções, das quais 51% (n=139 ) da comunidade, 18% (n=49) IACS e 31% (n=85) nosocomiais.

No total das infecções, procedeu-se à colheita de pelo menos um produto biológico em 93% (n=253). Nas infecções da comunidade foram colhidos produtos biológicos em 129 das 188 infecções (68,6%), nas IACS em 41 das 49 infecções (83,7%) e nas nosocomiais em 83 das 85 infecções (97,8%). A taxa de isolamentos obtida foi de 34,1% (n=44), 39% (n=16) e 62,7% (n=52), respectivamente. Documentaram-se 21 bacteriemias (8%). Foram realizadas uroculturas sem indicação clínica em 35% das infecções.

Os focos respiratório e urinário constituem 84% do total de infecções. No foco respiratório, a colheita de secreções brônquicas ocorreu em 47,2% (n=76) com uma taxa de isolamento de 30,3% (n=23). Dos principais isolamentos obtidos, destaque para Haemophilus influenzae (32%, n=8), estirpes produtoras de B-lactamases de largo espectro (ESBL) de Klebsiella pneumoniae (16%, n=4) e Pseudomonas aeruginosa (12%, n=3).

No foco urinário colheram-se uroculturas em 95,5% (n=64) com uma taxa de isolamento de 92,2% (n=59). O isolamento mais frequente foi a Escherichia coli (27,78%, n=20), seguido do Proteus mirabilis (16,67%, n=12), Klebsiella pneumoniae (12,50%, n=9) e Enterococcus faecalis (6,94%, n=5). A taxa de isolamento de ESBL corresponde a 9,72% (n=7) neste foco.

Todos os isolamentos de ESBL obtidos no foco respiratório correspondem a infecções nosocomiais. Já no foco urinário, verifica-se a presença de um isolamento de ESBL da comunidade, três em IACS e e três nosocomiais.

Conclusão: A colheita sistemática de produtos biológicos para estudo microbiológico antes do início da antibioterapia possibilita a caracterização da realidade microbiana de cada serviço, fundamental para a prescrição racional de antimicrobianos.