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DERRAME PLEURAL ESQUERDO - QUE DIAGNÓSTICOS?
Doenças respiratórias - Comunicação
Congresso ID: CO081 - Resumo ID: 1199
Hospital Beatriz Ângelo / IPO Coimbra
Mariana Rebordão Pires, Hugo Pêgo, Fernando Martos Gonçalves, José Lomelino Arújo
Introdução: O derrame pleural (DP) é uma entidade frequente com múltiplas causas identificadas, desde patologia pulmonar intrínseca, a doenças sistémicas. Pode ser bilateral ou unilateral, podendo a lateralidade ter implicações diagnósticas específicas. O DP esquerdo (DPE) é motivo de considerável número de internamentos hospitalares.
Objetivo: Caracterizar a subentidade DPE durante o ano de 2018 num hospital. Propor uma abordagem diagnóstica específica.
Material e métodos: Foram analisadas retrospetivamente os doentes internados com DP durante o ano 2018, no total de 170 doentes. Foram excluídos os diagnósticos de DP bilateral, DP direito e DP associado a neoplasia pulmão já conhecida. A amostra final foi de 23 doentes com DPE. Estes doentes foram classificados quanto aos seus dados demográficos (idade, sexo e autonomia), apresentação clínica, presença de fatores de risco/antecedentes relevantes. O líquido pleural foi estudado quanto às suas características - coloração, populações celulares, citologia, exames culturais. Foram ainda realizados outros exames complementares de diagnóstico – biópsias pleurais, tomografia computurizada (TC) do tórax, biópsia transtorácica (BTT).
Resultados: A dor torácica tipo pleurítica foi o sintoma de apresentação mais frequente, que ocorreu em 57% dos casos. O DPE em 87% dos casos apresentou características de exsudado, segundo os critérios de Light. Os restantes 13%, apresentaram características de transudado, associados à insuficiência cardíaca descompensada. Identificaram-se 3 grandes grupos etiológicos associados ao DPE: (1) parapneumónico – 8 doentes (3 mulheres, 5 homens), idade média 68 anos; (2) tuberculose – 5 doentes (2 mulheres, 3 homens), idade média 45 anos; (3) neoplásico – 4 doentes (2 mulheres, 3 homens), idade média 82 anos. O DPE parapneumónico foi a entidade mais frequente, seguida de DPE associada à tuberculose pleural e/ou pulmonar. A biópsia pleural revelou-se uma técnica fundamental no diagnóstico do DPE associado à tuberculose, revelando granulomas com/sem necrose em 100% dos casos, correlacionando-se com elevados valores de ADA. Pelo contrário, os exames culturais para BK do líquido pleural revelaram-se negativos em 100% dos casos. O DPE neoplásico esteve na maior parte dos casos associado a adenocarcinoma do pulmão, sendo a citologia do líquido pleural relevante neste contexto, com positividade para células neoplásicas em 50% dos casos. A análise das populações celulares do líquido pleural mostrou-se importante na distinção entre DPE infeccioso vs neoplásico. A TC tórax foi realizada em 83% dos doentes, a broncofibroscopia apenas em 13% e a BTT em 4%.
Conclusões: O DPE teve na maioria dos casos, características de exsudado, estando habitualmente associado a uma etiologia infecciosa (pneumonia / tuberculose) ou neoplásica. Este trabalho poderá assim contribuir para a proposta de um modelo algoritmo diagnóstico na abordagem DPE.