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SÍNDROME FEBRIL – UMA ENTIDADE RARA NUMA IDADE POUCO COMUM
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO007 - Resumo ID: 1206
Centro Hospitalar do Oeste – Torres Vedras
Carina Rôlo Silvestre, Rita Marques, Juliana Magalhães, José Pereira, Teresa Vilaça, Ivone Barracha, Rosa Amorim
Título: Síndrome febril – uma entidade rara numa idade pouco comum

Introdução: A febre é um achado muito comum na prática clínica, sendo transversal a patologias distintas. As infeções permanecem a principal causa de febre. Todavia, as neoplasias e as doenças inflamatórias devem ser equacionadas.

Caso clínico: Os autores apresentam o caso de uma mulher de 60 anos, com antecedente pessoal de síndrome vertiginoso com 10 anos de evolução e história familiar de doença autoimune. Recorreu ao serviço de urgência por clínica, com cerca de 2 meses de evolução, de síndrome febril, cansaço fácil, tosse seca ocasional, dor torácica esquerda, ligeira, tipo desconforto, sem irradiação e sem fatores de alívio ou de agravamento. Apresentava ainda, queixas sugestivas de claudicação dos membros superiores e episódios de cefaleia hemicraneana esquerda, tipo moinha, de intensidade moderada e sem disautonomia. Negava dispneia, alterações visuais, perda de peso não intencional e rigidez matinal.
À observação encontrava-se febril - temperatura axilar 37,8ºC, normotensa com pulsos pediosos diminuídos, regulares, rítmicos e simétricos. Analiticamente, PCR 14,5mg/dL, VS 94mm/h e Hb 11,2g/dL (Htc 34,2% e VGM 88,0fL; HGM 29,1pg; CHGM 32,9g/dL). Radiografia tórax sem alterações pleuroparenquimatosas agudas. Electrocardiograma ritmo sinusal, sem alterações da repolarização. Exames culturais negativos. Realizou TC toraco-abdomino-pélvica que objetivou espessamento parietal difuso, principalmente da aorta torácica e abdominal, com densificação da gordura adjacente. A Tomografia por Emissão de Positrões documentou captação parietal nos grandes vasos moderada a acentuada, com envolvimento das artérias subclávias, carotídeas, vertebrais e da aorta. Achados compatíveis com artrite dos grandes vasos.
Perante os dados clínicos, laboratoriais e imagiológicos assumiu-se uma vasculite dos grandes vasos, a arterite de Takayasu (AT). O diagnóstico é apoiado pelos novos critérios defendidos em 2018 por um grupo de peritos da American College Rheumatology/ European League Against Rheumatism.
Iniciou corticoterapia com prednisolona, atualmente, em desmame, com remissão total das queixas e com melhoria laboratorial, Hb 13,7g/dL, PCR 0,52mg/dL, VS 11mm/h.

Discussão: A AT é uma vasculite rara, que afeta principalmente mulheres jovens. O diagnóstico é desafiante e muitas vezes tardio, dada a apresentação clínica variável traduzida pela heterogeneidade e pelo envolvimento segmentar dos vasos afetados. Anteriormente, assumia-se uma idade inferior a 40 anos para o diagnóstico, os novos critérios permitem o diagnóstico do caso atual.