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MIELOMA MULTIPLO: A PROPÓSITO DE UM DESAFIANTE CASO CLÍNICO
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P755 - Resumo ID: 1220
Hospital de Braga
Joana Sousa Morais, Isabel Andrade Oliveira, Inês Burmester, Olga Pires, Maria João Regadas, Paulo Gouveia, Carlos Capela
Introdução: O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica, caracterizada por uma proliferação monoclonal excessiva de plasmócitos de imunoglobulina anormal. É mais comum na meia idade e o sintoma mais frequente é a dor óssea. Apesar de mais raros existem outras formas de mieloma como os mielomas de cadeias leves ou os não secretores.

Caso Clínico: Homem de 63 anos, com excelente estado geral e antecedentes de hipertrofia benigna da próstata e metaplasia intestinal, seguido em consulta de gastroenterologia apresentava múltiplas vindas ao serviço de urgência nos últimos 6 meses por dorsalgia esquerda, com agravamento com inspiração profunda e uso de AINEs para controlo de dor. Ao exame físico identificava-se dor á palpação da grade costal esquerda. Analiticamente sem alterações de relevo, nomeadamente anemia, lesão renal aguda, hipercalcemia ou aumento de parâmetros inflamatórios. Realizou TAC tóraco-abdomino-pélvico que evidenciava de lesões ósseas osteolíticas, as maiores nos corpos vertebrais D9 e D10, assim como fraturas em consolidações em arcos costais direitos, processos sugestivos de metastização óssea. Neste contexto, admitiu-se a possibilidade de se tratarem de lesões ósseas metastáticas, sendo internado para estudo de neoplasia primária. Nas avaliações posteriores, identificaram-se eletroforese sem pico monoclonal, Imunoglobulinas normais, cadeia leve livre lambda aumentada no soro e em urina, sem proteinuria, sem alterações iónicas de fosforo ou magnésio, estudo imunológico e serológico normal e PSA normal. Realizou ainda uma cintigrafia óssea que confirma as lesões líticas em D9 e D10 e captação em arcos costais e uma endoscopia digestiva alta que revelou metaplasia intestinal. Assim, foram realizadas biopsia de lesões ósseas de coluna e mielograma, cujos resultados foram respetivamente plasmocitoma e médula óssea normal. Deste modo, admitiu-se MM secretor de cadeias leves associado a plasmocitoma, pelo que iniciou radioterapia de lesões ósseas e posteriormente quimioterapia. Neste momento, doente com boa resposta a tratamento em curso documentado por PET.

Discussão: Este caso destaca-se por se tratar de um MM secretor de cadeias leves com plasmocitoma, mas sem pico monoclonal sérico ou urinário e sem plasmocitose, tendo levantado interesse pela marcha diagnóstica que implicou.