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HEMIBALISMO APÓS ACIDENTE VASCULAR CEBEBRAL HEMORRÁGICO TALÂMICO
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P607 - Resumo ID: 1227
Hospital Central do Funchal
Cláudia Lemos, Ana Carlota Vida, Sofia Dinis Ferreira, Andreia Pinto, António Oliveira, Ema Freitas, Maria da Luz Brazão
Introdução: Hemibalismo é um distúrbio do movimento, raro, que afeta o hemicorpo, caracterizado por um movimento involuntário anormal, de grande amplitude que envolve a musculatura apendicular proximal e axial.

Caso Clínico: Doente de 56 anos, sexo masculino, caucasiano, autónomo com antecedentes pessoais de hipertensão e tabagismo, incumpridor terapêutico.
Recorre ao serviço de urgência por quadro de disartria ligeira e desvio da comissura labial à direita, de aparecimento no próprio dia. Referia também dificuldade na marcha associado a movimentos involuntários do hemicorpo direito, com dois dias de evolução.
Ao exame objetivo, encontrava-se vigil, orientado no tempo, espaço alo e autopsiquicamente, discurso lógico e coerente, apirético, hemodinamicamente estável, normocárdico, auscultação cardio-pulmonar sem alterações, movimentos involuntários tipo hemibalismo no hemicorpo direito, mais evidenciados pelo repouso. O restante exame não revelava outros défices ou alterações.
Foi realizada, no serviço de urgência, TC-CE que mostrou pequeno hematoma parenquimatoso do tálamo-capsular esquerdo, com cerca de 1,5 cm de diâmetro e discreta moldagem da parede do terceiro ventrículo. Ficou internado no serviço de medicina interna com o diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral hemorrágico talâmico sequelar com hemibalismo direito persistente.
Durante o internamento contactou-se a Neurologia para apoio. Foi proposta terapêutica com biperideno, haloperidol e clonazepam, com escalamento das doses, ao longo do internamento. Apesar da terapêutica optimizada manteve o hemibalismo direito. A TC-CE de controlo apresentou reabsorção da hemorragia subtalâmica. Teve alta para a residência, com controlo parcial do quadro, neurológico, com indicação de manter a medicação efetuada no internamento (6 mg de haloperidol, 1 mg de clonazepam 3 vezes por dia; e 75 mg de tetrabenazida diária) e com seguimento em consulta.

Discussão: O hemibalismo é uma entidade cuja verdadeira incidência é desconhecida, sendo descrita, em torno, de 1 caso para 500.000, na população geral. Uma lesão no núcleo subtalâmico ou das suas vias pode levar a desinibição das vias eferentes excitatórias tálamo-corticais, produzindo movimentos hipercinéticos. O prognóstico está relacionado com a etiologia e gravidade sintomática. O hemibalismo, habitualmente, é uma doença de curso benigno, que cede, espontaneamente, ou com fármacos antagonistas dopaminérgicos.
Este caso foi escolhido pela sua raridade, alertando, ainda assim, para exclusão de um acidente vascular cerebral perante um caso de hemibalismo inaugural. As lesões talâmicas determinam um leque variado de síndromes clínicos de movimentos involuntários, hemiparesia atáxica e o acidente vascular cerebral sensitivo puro. Os autores apresentam este caso, demonstrando a relevância e valor da raridade da associação destas duas patologias.